Vejo
poucos querendo embelezar as faculdades do espírito, as artes que dependem das
palavras, e especialmente aquela capacidade para proceder de acordo com regras
gerais e infalíveis a que se chama Ciência; a qual muito poucos têm, é apenas
numas poucas coisas, pois não é uma faculdade nata, nascida conosco, e não
pode ser conseguida como a preguiça.
Encontra-se
entre os homens uma igualdade natural, quase absoluta, na capacidade de aprender,
ainda maior do que a igualdade de força. Porque o saber nada mais é do que experiência
com aprendizado, que culturas semelhantes e tempos iguais de aplicação oferecem
a todos os homens, naquelas coisas a que igualmente se dedicam, conhecimentos e
saberes parecidos.
O
que talvez possa tornar inaceitável essa igualdade é simplesmente a concepção vaidosa
da aplicação pessoal. As classes menos favorecidas usam o tempo para outras
aplicações que não favorecem o aprendizado das artes que dependem das palavras.
Os homens médios supõem que os seletos têm sorte por ocuparem tal posição.
A
natureza é tão justa que a capacidade de aprender é distribuída para quase
todos os homens de maneira igual. No entanto, o meio cultural, a situação
financeira e, em poucas pessoas, as complicações biológicas podem inibir o aprendizado. Sendo que a
maior parte dos alunos não aprende por cultuar a inércia.
Os
desprovidos de sabedoria agora não querem só o direito de pertencerem a grande
massa, querem o direito de vetar o conhecimento e que todos sejam nivelados por
baixo. E viva o fim do homem seleto.
Sociologia 3º ano ensino médio. Chico de Oliveira