14 de set. de 2015

Os seletos não podem fazer o mesmo que você, porque existem impedimentos morais.

É certo que há algumas pessoas, como aquelas que se dizem apolíticas e vivem socialmente fundamentadas apenas em seus apetites particulares, que não possuem linguagem política através da qual possam indicar umas às outras o que consideram adequado para o benefício comum. Assim, talvez haja alguém interessado em saber por que os “seletos” não podem fazer o mesmo.
As pessoas estão constantemente envolvidas numa competição por visibilidade e, na maior parte das vezes, elas só visualizam o bem particular. É devido a isso que surgem entre as pessoas a inveja, o ódio e, finalmente a corrupção, ao passo os seletos tentam minimizar esses efeitos.
Para uma pessoa seleta não há diferença entre o bem comum e o bem individual e, dado que mesmo por natureza tendem para o bem individual, acabam por promover o bem comum, já que são a mesma coisa. Mas para a grande massa o comum não é o mesmo que o particular e sua felicidade só pode existir tirando proveito no particular e eminente.
Aqueles que pertencem as massas não possuem (ao contrário do seleto) o uso da razão, elas não veem nem julgam ver qualquer erro na administração de sua existência comum. Ao passo que entre as politicamente racionais encontramos julgamentos mais sábios, e mais capacitados para o exercício da cidadania. Esses esforçam-se por empreender reformas e inovações, acabando assim por levar o país à um maior desenvolvimento social.
O homem massa, embora sejam capazes de um certo uso da voz, para dar a conhecer uns às outros seus desejos e outras afecções, apesar disso carecem de informações mediante as quais podem-se julgar o que é bom sob a aparência do mal.
As maiorias politicamente irracionais são incapazes de distinguir entre injúria e dano ao bem público, e consequentemente basta que estejam satisfeitas para nunca se ofenderem com o descaso geral. Ao passo que o seleto é tanto mais implicativo quanto mais satisfeito se sente, pois é neste caso que tende mais para mostrar sabedoria e para criticar as ações dos que governam o Estado.
O acordo estatal vigente para as massas é natural e imutável, e para os seletos surge apenas através de um pacto, isto é, artificialmente. Portanto não é de admirar que seja necessária alguma coisa mais, além dele, para tornar constante e duradouro seu acordo: ou seja, um poder comum que os mantenha (governo e governados) em respeito, e que dirija suas ações no sentido do benefício comum.
A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz de respeitar a coisa pública e seguir caminhos corretos, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente, é através de pessoas seletas, que devem fiscalizar o Estado e os membros das assembleias. Agora como podemos ser vigilantes com a coisa estatal se apenas nos preocupamos com as particulares?
Fundamento das leis naturais Leviatã 

Poderá gostar também de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...