----Qual
será o fim último,
causa final e desígnio dos estados? Quem ama naturalmente a
liberdade e o domínio de propriedades privadas deve saber. O Estado
nasceu para conservar e propiciar uma vida mais satisfatória para as
pessoas, introduzindo restrições legais à mísera condição de
guerra que é fruto da consequência do não desenvolvimento humano.
----Quando
não existe poder visível capaz de manter as pessoas em respeito,
forçando-as, por medo do castigo, ao cumprimento de leis civil e
natural, o que se estabelece é um estado de guerra, provocado por
membros involuídos que não respeitam a propriedade privada e nem a
coletiva (bem público).
----Porque as leis de natureza como a justiça, a equidade, a piedade, ou, em resumo, só fazer aos outros o que queremos que nos façam, por elas mesmas, na ausência do temor de algum poder (Estado) capaz de levá-las a ser respeitadas, são contrárias a paixões naturais dos tolos, as quais fazem esses tenderem para a parcialidade, o orgulho, a vingança e coisas incompatíveis com a bondade. E, também, os pactos sem a espada (força estatal) não passam de palavras.
----Porque as leis de natureza como a justiça, a equidade, a piedade, ou, em resumo, só fazer aos outros o que queremos que nos façam, por elas mesmas, na ausência do temor de algum poder (Estado) capaz de levá-las a ser respeitadas, são contrárias a paixões naturais dos tolos, as quais fazem esses tenderem para a parcialidade, o orgulho, a vingança e coisas incompatíveis com a bondade. E, também, os pactos sem a espada (força estatal) não passam de palavras.
----Tolos
se
não for instituído um poder suficientemente grande para nossa
segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente confiar,
apenas em sua própria força e capacidade, como proteção contra
todos os outros. No passado, antes dessa força ser instituída,
os homens viviam em pequenas famílias, roubar-se e espoliar-se uns
aos outros sempre foi uma ocupação legítima, e tão longe de ser
considerada contrária à lei de natureza que quanto maior era a
espoliação conseguida maior era a honra adquirida.
----Agora
queridos (tolos para os apolíticos), é a união de um pequeno
número de pessoas que é capaz de oferecer essa segurança (sua
família) ou o poder do Estado? Como podemos construir um Estado
sério sem a participação dos que vão ser beneficiados? Será que
quando a grande multidão não participa das ações essas não serão
determinadas segundo o juízo individual?
----Podemos
esperar que as ações de um Estado, que tem participação mínima
da multidão, favoreça a ralé? Em um Estado onde o número de
sábios é irrelevante, quando comparado ao de tolos, percebemos que
poucas pessoas são muito ricas e, essas vivem ao lado de muitas
pessoas pobres. Percebe-se também que, em terra de tolos, um pequeno
número de pessoas subjuga a multidão e, mesmo não havendo inimigo
comum, fazem guerra uns com os outros,
por
causa de seus interesses particulares, mas não por interesse da
Nação.
Chico de Oliveira