21 de out. de 2015

A incompatibilidade do desejo com as ações

Às vezes desejamos ser algo interessante, mas isso depende de ações que conduzem ao nosso desejo. A maioria é portadora do desejo sem ações adequadas para alcançar esse objetivo. Então temos que conhecer os acontecimentos da ação, pensar nos caminhos semelhantes, trilhados no passado por quem alcançou desejos parecidos, e esses acontecimentos, uns após os outros, supondo que acontecimentos semelhantes se devem seguir a ações também semelhantes.
Como aquele que prevê o que acontecerá a um criminoso, reconhece aquilo que ele viu seguir-se de crimes semelhantes no passado, tendo esta ordem de pensamentos: o crime, o oficial de justiça, a prisão, o juiz e as galés. A este tipo de pensamentos se chama previsão.</
         Pode-se, também, prever a probabilidade de um estudante que se dá bem na vida analisando suas ações acadêmicas, embora tal conjetura, devido à dificuldade de observar todas as circunstâncias, seja um pouco difícil. Mas isto é certo: quanto mais experiência das coisas passadas tiver um homem, tanto mais prudente é, e suas previsões raramente falham. Só o presente tem existência na natureza; as coisas passadas têm existência apenas na memória, mas as coisas que estão para vir não têm existência alguma, sendo o futuro apenas uma ficção do espírito, aplicando as consequências das ações passadas às ações que são presentes, o que é feito com muita certeza por aquele que tem mais experiência, mas com uma certa probabilidade de acerto.
Embora esses princípios possam estar certos, contudo o povo vulgar não tem capacidade suficiente para ser levado a entendê-los. Ficaria contente se uns 20% do povo de um Estado, ou aqueles que são portadores de maior idade, os mais sábios, fossem menos incapazes do que o povo. Mas todos sabem que as oposições a este tipo de razão resultam não tanto da dificuldade do assunto como do interesse daqueles que devem segui-la.
Nosso povo tem desejo, mas não deseja fazer as ações necessárias para alcançar os objetivos desse desejo. Em meu Estado o povo sempre coloca as paixões acima da razão, são milhões de pessoas levadas a acreditar que o mesmo corpo pode fazer duas coisas incompatíveis ao mesmo tempo, o que é contra a razão, e não seremos capazes de, por um ensino ou pregação, protegidos pela lei, levar a aceitar o que é conforme à razão de maneira tal que qualquer pessoa sem preconceitos nada mais precise para aprender ações corretas e viáveis ao bem geral do povo desse Estado. 
Zé do Povo

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