As
palavras justo e injusto, quando são atribuídas a homens, indicam a
conformidade ou a incompatibilidade entre os costumes e a razão. Portanto um
homem justo é aquele que toma o maior cuidado possível para que todas as suas
ações sejam justas, e um homem injusto é o que despreza esse cuidado.
Uma
pessoa justa não perde o direito a esse título por causa de uma ou algumas
poucas ações injustas, derivadas de paixões repentinas ou de erros sobre coisas
ou pessoas. Nem um homem iníquo deixa de assim ser considerado, por causa das
ações que faz ou deixa de fazer devido ao medo, pois sua vontade não é
determinada pela justiça, mas pelo benefício aparente do que faz.
O que presta às ações humanas o sabor da
justiça é uma certa nobreza ou coragem (raras vezes encontrada), em virtude da
qual se despreza ficar devendo o bem-estar da vida à fraude ou ao desrespeito
pelas leis. É essa justiça da conduta que se chama virtude, e a injustiça
chama-se vício.
Portanto,
a justiça das ações não faz com que os homens se chamem justos, e sim inocentes; e
a injustiça das mesmas (também chamada injúria) faz-lhes atribuir apenas o nome
de culpados. Isso quer dizer que uma pessoa justa pode ser culpada e uma
injusta pode ser inocente, mas isso depende das ações envolvidas e julgadas no
ocorrido.
Concluímos
que o injusto é aquele que apresenta costume, disposição ou a aptidão para
cometer crimes em suas ações, e é a injustiça antes de passar aos atos, e sem
supor que algum indivíduo determinado haja sido injuriado. Sendo assim, o
iníquo pesa as punições e pode até não cometer crimes, mas por perceber que
eles trazem mais prejuízo que benefício para sua pessoa e não por ser uma pessoa
justa.
Fundamentado em Gandhi