----Você
faz parte de uma religião toda espiritual, preocupada unicamente com
as coisas do Céu. A pátria do religioso não é desse mundo. É
certo que você cumpre seu dever, mas cumpre com uma profunda
indiferença no que concerne ao bom ou mau êxito das coisas públicas.
Uma vez que nada se lhe tenha a reprovar, a você pouco importa ir
as coisa bem ou mal aqui em baixo. A anta política mal deseja falar
da felicidade pública; esse orgulha-se da falta de justiça de seu
país, quando o Estado perece ele abençoa a mão de Deus que se
abate sobre o povo.
----A
caridade que você faz parte não permite que se fale mal do próximo.
Desde que tal indivíduo, graças a força divina, haja encontrado um
jeito de se impor e apoderar-se de uma parte da autoridade pública,
ei-lo revestido de dignidade: Deus deseja que se o respeite. Em breve
torna-se um poder: Deus quer que se lhe obedeça. O depositário
desse poder talvez abuse dele: e isto é a vara de Deus que abusa do
seus próprios filhos.
----Os
mais sábios aconselha lutar contra o usurpador, mas faz-se preciso
perturbar a tranquilidade pública e, isso não se harmoniza com a
cultura dos religiosos. Finalmente, que importa ser escravo ou livre
nesse mudo de miséria? O essencial é atingir o paraíso, e a
conivência não é se não um meio de chegar a ele.
----Os
dogmas da religião formam cidadãos sem interesse pelo bem social,
pela coisa pública, os deveres dos membros estão com a
possibilidade de ir para outro mundo (paraíso). Cada qual pode
ter, de resto, as opiniões que deseja, sem que interfira nas
vontades dominantes; porque não tendo o religioso competência no tocante as coisas deste mundo, não é de seu arbítrio se
preocupar com a sociedade, mas com uma moradia no além vida.
Chico de Oliveira