Em
sua obra inacabada, Economia e Sociedade, Max Weber (1864-1920) fez uma tentativa de descrever o funcionamento
da sociedade, bem como um método pelo qual uma nova disciplina, a Sociologia,
poderia avançar. Um dos métodos de estudo de Weber era o uso de noções
abstratas como os “tipos ideais”.
Semelhante a uma caricatura,
um tipo ideal exagerava as principais características e reduzia as
menos importantes, visando esboçar a verdade subjacente. Essa abordagem era
chave para o método de Weber, permitindo-lhe entender as partes complexas
da sociedade por uma versão simplificada.
O papel
do sociólogo, em seu entendimento, seria construir e analisar os tipos
ideais baseado na observação da realidade. Isso contrastava com Karl Marx, que
tentava deduzir o funcionamento da sociedade capitalista em sua lógica interna,
ou “lei de movimento”, em vez da observação direta.
A sociedade, argumentava
Weber, somente poderia ser entendida baseando-se em suas partes
constitutivas, em primeira instância, os indivíduos. Estes agiam,
coletivamente, de maneira complexa, mas poderiam ser entendidos pelo sociólogo.
Os indivíduos possuíam
uma capacidade de agir, e suas ações seriam definidas por sua visão
de mundo. Tais visões emergiriam de um entendimento coletivo, tal como o
religioso ou o político.
Em Economia e Sociedade (1910-1921),
Weber desenvolveu a ideia do “espírito capitalista do protestantismo
individualista”, lançada em obra anterior – A Ética Protestante e o
Espírito do Capitalismo (1904) –, distinguindo entre tipos de crença
religiosa e analisando as maneiras como os indivíduos conseguem desempenhar
ações sociais. Eles usam uma ampla variedade de estruturas de crenças.
Uma vez criadas as estruturas
coletivas, disse Weber, elas talvez não funcionassem como facilitadoras, ao
expandir a liberdade humana, mas como obstáculos. É por isso que ele falou das
pessoas como engrenagens em uma máquina.
As estruturas de crenças que
as pessoas criam também restringem suas ações, produzindo outros efeitos: os
protestantes eram induzidos a trabalhar, mas também a evitar o consumo, e sua
poupança teria criado o capitalismo. Esta proposição foi criticada em: Poupança:
Economia Normativa Religiosa.
Em síntese, para fins
sociológicos, não há uma personalidade coletiva que age. Os indivíduos
agem coletivamente de maneira complexa, mas inteligível, porque suas ações são
moldadas por suas visões de mundo. Pontos de vistas individuais se juntam e
formam entendimentos coletivos, como no caso da religião. Mas as
estruturas sociais, criadas por esses entendimentos coletivos, podem limitar as
liberdades individuais. Concluindo, o indivíduo é uma simples engrenagem
em um mecanismo social em movimento.
As principais análises
de Weber sobre o campo econômico podem ser encontradas no segundo capítulo
de Economia e Sociedade, tópico em que ele discute a ordem social e
econômica. Ali, ele destaca que o processo de racionalização da atividade
econômica também envolve a passagem de uma racionalidade material – na
qual a vida econômica está submetida a valores de ordem ética ou política –
para uma racionalidade formal, ou seja, na qual a lógica impessoal das
atividades econômicas e a lucrativas se torna predominante.
Por estas razões, Max Weber é
considerado, atualmente, um dos precursores da Sociologia Econômica,
conjunto de autores que se recusa a entender a vida econômica como
relacionada apenas com o mercado, concebido de forma abstrata, separado de
suas condições históricas, culturais e sociais.