8 de out. de 2015

As incompatibilidades do Parlamento

        Embora nosso parlamento falseie a verdade dizendo que o absoluto é o poder executivo, passando uma imagem de inocente, contudo, se os homens desse poder se servissem da razão da maneira como fingem fazê-lo, podiam pelo menos evitar que nosso Brasil perecesse devido a males internos. Pois, pela natureza de suas atitudes, estão destinados a fazerem oposição ao país e não ao PT.
Acontece que o nosso país está sendo dissolvido, não por violência externa, mas por desordem intestina, a causa não reside nas pessoas médias, mas nos obreiros e organizadores que são indicados por essas mesmas pessoas. Pois os homens que indicamos para o Parlamento querem defender interesses que não são os da vontade geral, não é por falta da arte de fazer leis adequadas para nortearem as ações em nosso país, mas por falta de vontade de contribuir para o sucesso de um governo e, consequentemente, da população.
Entre as enfermidades do nosso país incluirei em primeiro lugar aquelas que têm origem na constituição de um poder soberano imperfeito, e essa imperfeição do poder é produzida pela falta de entendimento do homem-massa na hora de escolher os representantes da assembleia soberana, é a procriação defeituosa do poder soberano.
A maior das enfermidades do nosso país é que os legisladores para obter poder, não se contentam à tarefa de legislar em defesa do Estado e da paz, eles querem a ruína do chefe do executivo, quando esse não entrega os cargos comissionados do Estado para os mesmos nobres parlamentares.
Um pensamento incompatível com a natureza do estado brasileiro, é a de que o Congresso Nacional está sujeito às leis civis. Mas o soberano não está sujeito àquelas leis que ele próprio, ou melhor, que o Estado fez. Pois estar sujeito a leis é estar sujeito ao Estado, isto é, à vontade representante, isto é, a si próprio, o que não é sujeição, mas liberdade em relação às leis. Este erro, porque coloca as leis acima do soberano, coloca também um juiz acima dele, com poder para puni-lo, o que é fazer um novo soberano, e também pela mesma razão um terceiro para punir o segundo, e assim sucessivamente ao infinito, para confusão e dissolução do Estado (Hobbes).
O parlamentar, para obter cargos comissionados para seus cabos eleitorais, contenta-se muitas vezes em cumprir as determinações do executivo e não com a tarefa de fazer o que é necessário para a paz e para economia do País. Donde se segue que, quando o executivo não oferecer os tais cargos ele não cumpre com suas finalidades para o bem público, temos um ato injusto, que predispõe a conduzir o país para o caos, é os corpos enfermos cuidando da confecção da lei e a má qualidade resultante da sua concepção viciosa através de cálculos e pústulas, não deve fazer bem para o Estado. E quando os parlamentares se negam a si próprios uma parte desse poder tão necessário, nem sempre é por ignorância daquilo que é necessário ao cargo que ocupam, mas muitas vezes é por interesses inconfessáveis e incompatíveis com a Vontade Geral.  
Isto não acontece apenas no Governo Federal, pois essa fórmula de governo está em todas as esferas de poder no Brasil. O cara começa na vereança, passa para deputado estadual, federal e senador, mas o modo operante continua o mesmo, apoio político em troca de cargos no executivo.
Chico de Oliveira

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