Embora
nosso parlamento falseie a verdade dizendo que o absoluto é o poder executivo,
passando uma imagem de inocente, contudo, se os homens desse poder se servissem
da razão da maneira como fingem fazê-lo, podiam pelo menos evitar que nosso
Brasil perecesse devido a males internos. Pois, pela natureza de suas atitudes,
estão destinados a fazerem oposição ao país e não ao PT.
Acontece
que o nosso país está sendo dissolvido, não por violência externa, mas por
desordem intestina, a causa não reside nas pessoas médias, mas nos obreiros e
organizadores que são indicados por essas mesmas pessoas. Pois os homens que
indicamos para o Parlamento querem defender interesses que não são os da
vontade geral, não é por falta da arte de fazer leis adequadas para nortearem
as ações em nosso país, mas por falta de vontade de contribuir para o sucesso
de um governo e, consequentemente, da população.
Entre
as enfermidades do nosso país incluirei em primeiro lugar aquelas que têm
origem na constituição de um poder soberano imperfeito, e essa imperfeição do
poder é produzida pela falta de entendimento do homem-massa na hora de escolher
os representantes da assembleia soberana, é a procriação defeituosa do poder
soberano.
A
maior das enfermidades do nosso país é que os legisladores para obter poder,
não se contentam à tarefa de legislar em defesa do Estado e da paz, eles querem
a ruína do chefe do executivo, quando esse não entrega os cargos comissionados
do Estado para os mesmos nobres parlamentares.
Um
pensamento incompatível com a natureza do estado brasileiro, é a de que o
Congresso Nacional está sujeito às leis civis. Mas o soberano não está sujeito
àquelas leis que ele próprio, ou melhor, que o Estado fez. Pois estar sujeito a
leis é estar sujeito ao Estado, isto é, à vontade representante, isto é, a si
próprio, o que não é sujeição, mas liberdade em relação às leis. Este erro, porque
coloca as leis acima do soberano, coloca também um juiz acima dele, com poder
para puni-lo, o que é fazer um novo soberano, e também pela mesma razão um
terceiro para punir o segundo, e assim sucessivamente ao infinito, para
confusão e dissolução do Estado (Hobbes).
O
parlamentar, para obter cargos comissionados para seus cabos eleitorais,
contenta-se muitas vezes em cumprir as determinações do executivo e não com a
tarefa de fazer o que é necessário para a paz e para economia do País. Donde se
segue que, quando o executivo não oferecer os tais cargos ele não cumpre com
suas finalidades para o bem público, temos um ato injusto, que predispõe a
conduzir o país para o caos, é os corpos enfermos cuidando da confecção da lei
e a má qualidade resultante da sua concepção
viciosa através de cálculos e pústulas, não deve fazer bem para o Estado. E quando
os parlamentares se negam a si próprios uma parte desse poder tão necessário,
nem sempre é por ignorância daquilo que é necessário ao cargo que ocupam, mas
muitas vezes é por interesses inconfessáveis e incompatíveis com a Vontade
Geral.
Isto
não acontece apenas no Governo Federal, pois essa fórmula de governo está em
todas as esferas de poder no Brasil. O cara começa na vereança, passa para
deputado estadual, federal e senador, mas o modo operante continua o mesmo,
apoio político em troca de cargos no executivo.
Chico de Oliveira