28 de mai. de 2010

Os 'nanicos' que sonham com a Presidência

Por Adriana Caitano e Marina Dias

Desde 1989, não se via tanta gente querendo chegar ao mais poderoso posto político do país. Naquele ano, as eleições que levaram Fernando Collor de Mello à Presidência contaram com a disputa de 22 candidatos. Já em outubro próximo, além de José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), dez postulantes devem entrar no páreo. Eles são os chamados "nanicos", oriundos de partidos de pouca ou nenhuma influência no meio político e que, juntos, representam apenas 1% do Congresso Nacional. Um adendo: dificilmente conseguirão recursos para bancar a própria campanha.

Reunidos, os dez nanicos deverão ocupar 27% do tempo dedicado à propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV. Pode parecer pouco, mas as aparições, subsidiadas pelo governo, custarão nada menos do que 34 milhões de reais - 128.000 reais por minuto. Cada um desses candidatos terá menos de 60 segundos ao dia para dizer o que pretende fazer nos quatro - improváveis - anos de governo. Confira no quadro abaixo o perfil desses políticos e alguns de seus projetos - e delírios - para o Brasil. Além de jurar que acreditam na vitória, alguns nanicos apresentam ideias que mais se parecem voltadas para o passado do que para o futuro do país, como a expropriação de indústrias e fazendas, a implantação do socialismo e a proposta de fortalecer uma tal "aliança bolivariana das Américas".
Peso dos nanicos - Vera Chaia, pesquisadora do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Neamp, PUC-SP), acredita que a reduzida exposição desses políticos na TV exercerá nas eleições um efeito proporcional à expressão desses candidatos e de seus partidos: nanico. "A relevância desse tipo de propaganda diante dos eleitores é mínima. Apenas os que forem muito excêntricos ou pitorescos podem chamar a atenção do público", diz.

A pesquisadora nega, porém, que a existência dos nanicos seja desprezível. "Eles podem servir de plataforma para os majoritários, utilizando o tempo de rádio e TV para fazer denúncias ou ataques aos líderes da corrida presidencial", afirma. No limite, os votos distribuídos entre os pequenos poderia forçar a realização de um segundo turno, já que em tese dificultaria as chances de um candidato receber mais de 50% dos votos para vencer a guerra na primeira batalha. Ou melhor, no primeiro turno.

Fonte: Veja.com

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