----Os parlamentares tiveram uma chance de limpar - um pouquinho que seja - sua reputação ante o cidadão impedindo a eleição de condenados na Justiça. Com PT e PMDB à frente, essa evolução ficou para o Dia de São Nunca.
----Se há alguma coisa com a qual se pode contar com certeza, no Brasil de hoje, é o papel desempenhado pelo PT como sinalizador de tudo o que é ruim na vida política brasileira. Não falha nunca. Seja qual for o lado que o partido do governo escolhe, em qualquer questão, o cidadão pode estar seguro de uma coisa: é o lado errado. Aconteceu mais uma vez, na semana passada, com a manobra que impediu a votação na Câmara dos Deputados do projeto "Mãos Limpas", uma modesta tentativa de conter um pouco a safadeza que, ao longo do tempo, reduziu praticamente a zero o respeito ao Parlamento e aos parlamentares brasileiros. Não adiantou que o projeto fosse uma iniciativa popular, com o peso de 1,6 milhão de assinaturas - a única maneira, aliás, de levar o assunto até a apreciação dos congressistas, pois nunca fariam isso por conta própria. Também não adiantou o fato de que não se pedia nada de mais no projeto: ele estabelecia, apenas, que parlamentares condenados na Justiça - e condenados já em nível de órgãos colegiados, acima da primeira instância - não pudessem, a partir de agora, se candidatar a eleições. Só isso. Mas nem mesmo esse pouquinho o PT quer aceitar. Com a ajuda de seus sócios do PMDB, hoje promovidos a heróis do governo democrático e popular, a votação foi bloqueada, e o assunto, enfiado numa gaveta.
Por J.R. Guzzo