Um ex-sitiante de 63 anos tenta desde 2006 receber na Justiça de Mato Grosso indenização por danos morais por ter tido seu nome usado como "laranja" na abertura de uma empresa que prestou serviços à Assembleia Legislativa do Estado entre 1997 e 2000.
Morador de Guarantã do Norte (721 km de Cuiabá), José Ribeiro move ação contra o deputado estadual José Riva (PSD), presidente da Assembleia, e o conselheiro afastado do TCE, o ex-deputado Humberto Bosaipo (DEM).
Juntos, Riva e Bosaipo respondem a 102 ações de improbidade administrativa sob a acusação de comandarem um suposto esquema fraudulento que, por meio de cheques da Assembleia a empresas de fachada, teria desviado mais de R$ 200 milhões dos cofres públicos.
Uma dessas ações trata de 29 cheques nominais repassados como pagamento à Gráfica e Editora Guanabara Ltda., totalizando R$ 882 mil por serviços que, de acordo com o Ministério Público, jamais foram realizados.
A empresa estava registrada em nome de Ribeiro, que diz que nunca trabalhou no "ramo de gráficas". "Descobri que era empresário em 2004, quando chegou a intimação na minha porta."
Na ação de improbidade, a Promotoria afirma que, embora tenha recebido valores consideráveis como pagamento da Assembleia, a Guanabara nunca existiu de fato.
Depois de emitidos, os cheques à empresa, segundo as investigações, foram sacados diretamente na boca do caixa ou descontados em uma factoring pertencente ao "comendador" João Arcanjo Ribeiro, preso e condenado por envolvimento com o crime organizado no Estado.
O inquérito apurou que as assinaturas atribuídas a Ribeiro eram falsas e que seus documentos foram utilizados sem o seu conhecimento. "Enfim, percebe-se que este cidadão teve sua identidade violada e usada de forma indevida", diz a Promotoria
Na ação contra Riva e Bosaipo, Ribeiro pede indenização por danos morais materiais de 3.000 salários mínimos (R$ 1.635.000), além de uma pensão, mensal e vitalícia, equivalente a dez salários mínimos (R$ 5.540).
Os meliantes negam os roubos e dizem que foi Chicó.