15 de out. de 2011

A preguiça nossa de cada dia

        O brasileiro não sabe ler. Não sabe ler porque é preguiçoso. Mário de Andrade estava certo quando escreveu Macunaíma. Falam dos baianos, dos cuiabanos sendo que preguiça é própria do Brasil inteiro. Não consigo entender como um país tão grande nunca ganhou um Prêmio Nobel sabendo que a Colômbia, nossos vizinhos de continente – que lê em média 2,6 livros/ano/habitante – recebeu um de Literatura. Já sei, eles leem mais que a gente, não são preguiçosos e por isso, com toda certeza, sabem ler.
        Saber ler não é simplesmente olhar para estas palavras e decifrar seus caracteres, saber ler é entender, é interpretar o que se está lendo. Quando eu soube num texto de Bagno que “75% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são incapazes de ler e interpretar adequadamente um texto simples, [dados do INAF] (...) pessoas que tiveram acesso à escolarização, mas não desenvolveram plenamente as habilidades de leitura”, eu senti uma tristeza por saber que meu povo sabe nada.
        Os dados do INAF (Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional) me fazem refletir se o meu país, hoje com tanta facilidade em estudar, está decaindo, ou tudo isso é reflexo de Supletivos, “Provões”, Educação de Jovens e Adultos que o governo espalha nas escolas e Secretarias de Educação pelo Brasil afora apenas para empurrar em pouco tempo uma escolaridade fajuta.
        Inúmeras vezes eu vi idosos que em muitos anos como aposentados ao ir num caixa eletrônico de qualquer banco, pedir ajuda para um estranho sacar seu júbilo. Falta de “tato” com a tecnologia ou preguiça da “brava” mesmo de aprender algo? Desse jeito, nunca vamos ganhar um prêmio qualquer, a não ser de os mais preguiçosos do Globo.
        Bons tempos aqueles em que um homem em idade avançada era clamado de sábio. Aliás, sábios brasileiros estão em extinção. E por causa dos poucos que temos, ainda conseguimos chegar a 1,8 livro/ano/habitante, quase nada se comparar aos países desenvolvidos da Europa, Japão, onde este índice muitas vezes ultrapassa 10 livros/ano/habitante, onde todo dia surge uma patente nova, uma tecnologia nova, um sábio novo.
        Enquanto não for inventado um antídoto para este vírus, que certamente surgiu no Brasil, chamado de preguiça, o nosso povo vai sempre ser taxado Funcional, e pior, nem mesmo este texto vai ser claro para fazer surgir uma luz para que comecem a buscar informações para sua massa cinzenta, sem pré-conceitos e não uma, ou duas vezes ao ano, mas todos os dias até o fim da vida.

Antonio César

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