27 de mar. de 2017

Sociologia: 4ª aula do 2º ano do Ensino médio.

Karl Marx: trabalho e classes sociais
                A principal obra de Karl Marx, O capital, veio a público em 1867, ano de lançamento do primeiro volume. Os outros dois volumes foram publicados após a morte do autor, em 1883. Marx foi um dos maiores pensadores de seu tempo. Sua análise foi marcada pela investigação das relações de força entre os indivíduos. Para ele, a questão-chave para explicar as transformações sociais é a relação conflituosa entre forças sociais, isto é, entre classes sociais distintas com interesses contrários.

 Assim falou Marx

         A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes. [Homem] livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burgueses de corporação e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das classes em luta. […] A moderna sociedade burguesa, saída do declínio da sociedade feudal, não aboliu as oposições de classes. Apenas pôs novas classes, novas condições de opressão, novas configurações de luta, no lugar das antigas. A nossa época, a época da burguesia, distingue-se, contudo, por ter simplificado as oposições de classes. A sociedade toda cinde-se, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes que diretamente se enfrentam: burguesia e proletariado.
Perfil Karl Marx
                Karl Marx nasceu em Trier, no Reino da Prússia, hoje Alemanha, em 5 de maio de 1818, e morreu em Londres, em 14 de março de 1883. De origem judaica, foi o segundo filho dos nove de Henriette Pressburg e Herschel Marx.
         Sua teoria foi marcada principalmente por três correntes de pensamento a ele contemporâneas. A primeira delas foi a Filosofia Idealista Alemã, que teve como referência central o filósofo Georg Friedrich Hegel (1770-1831). A segunda foi a Economia
Política Clássica, sobretudo, o economista escocês Adam Smith (1723-1790) e o inglês David Ricardo (1772-1823), e a terceira, mas não menos importante, foi a Historiografia Socialista, que tem entre seus principais nomes os franceses Saint-Simon (1760-1825) e Charles Fourier (1772-1837) e o galês Robert Owen (1771-1858).
         Em O capital, Marx expõe a lógica do processo de valorização do capital, isto é, como o capital se reproduz com base na exploração do trabalho. Mostra, assim, o objetivo do capital de, ao se reproduzir como a relação social hegemônica, ampliar sua dominação com base no aumento dos lucros capitalistas.
         Teórico, militante político revolucionário e um dos maiores pensadores críticos da sociedade capitalista, Marx escreveu várias obras sobre a relação de exploração e dominação social do capital em relação ao trabalho. Marx pode ser considerado um autor atual, já que as relações de produção capitalistas e a exploração do trabalho assalariado são ainda questões centrais nas sociedades contemporâneas.
                O argumento central de Marx é o de que as sociedades se dividem em classes sociais. Essa divisão é fruto de um processo histórico de lutas em que uma das classes sociais torna-se dominante e acaba por subjugar os interesses de outra. No capitalismo, Marx observa que a burguesia, a classe capitalista, tornou-se dominante, primeiro derrotando a nobreza e, a seguir, instaurando um novo tipo de sociedade. A burguesia passou a constituir, à sua maneira, as formas de governo, a cultura, a política. As leis, as regras, as normas, os gostos e os padrões de consumo, de organização da economia, da ciência e da política passaram a ser determinados pelos interesses da burguesia. Ou seja, a sociedade capitalista em que vivemos tem como objetivo central reproduzir a forma de vida da burguesia, fundamentada na formação do lucro e estruturada na produção de mercadorias.
         Para reproduzir a forma de vida da burguesia, é necessário que haja uma classe produtora de mercadorias, cujo trabalho é explorado pelos capitalistas. Assim, ao mesmo tempo que se constitui historicamente a burguesia, forma-se uma classe antagônica a ela: a classe trabalhadora, ou proletariado. No processo histórico de formação do capitalismo, a burguesia nascente já explorava o trabalho de pequenos produtores. Com o crescimento dessa forma de produção, a burguesia torna-se dominante e o coletivo de trabalhadores, antigos servos e produtores rurais, aumenta vigorosamente na forma de um proletariado industrial. Portanto, as classes sociais fundamentais da sociedade capitalista são a burguesia (a classe capitalista) e o proletariado (a classe trabalhadora). Mas por que a classe trabalhadora se deixa explorar? Por que não há igualdade econômica entre os indivíduos? Segundo Marx, ao longo da História, a classe trabalhadora foi expropriada de seus meios de produção, isto é, de suas terras, de suas ferramentas, de suas casas e de seus locais de trabalho. A burguesia, ao se apropriar dos meios de produção, força o trabalhador a vender seu trabalho em troca de um salário. O trabalhador é obrigado a se submeter a determinado salário, a certo ritmo de trabalho, a determinadas condições de trabalho, a jornadas determinadas e, sobretudo, a determinada produtividade. A classe trabalhadora não tem escolha. Se quiser sobreviver, deve a todo momento vender seu trabalho a um capitalista, seja no comércio, seja na indústria, seja em uma escola particular, seja cortando cana-de-açúcar para uma usina produtora de álcool.
         A classe capitalista tem como ponto central de sua dominação reproduzir a exploração do trabalho. Para isso, a produção industrial é cada vez mais incrementada, tanto as formas de gerência quanto as novas tecnologias introduzidas. Mas por que é sempre necessário desenvolver mais e mais a produção de mercadorias? Marx entende que quanto mais o trabalhador é controlado, maior será sua produtividade e menor será seu poder político. Assim, a substituição do trabalhador por uma máquina é uma iniciativa do capitalista para obter um número maior de mercadorias, aumentando a produtividade do trabalho. Com a máquina a produção aumenta, e aumenta também o controle do capitalista, pois os trabalhadores passam a responder ao ritmo e ao tempo da máquina. Ou seja, o capitalista usa a máquina ou o robô tanto produtivamente quanto politicamente. Ao submeter o trabalhador a um ritmo que ele não comanda, o capitalista força o trabalhador a aumentar a produtividade do trabalho.
         Podemos resumir essa questão com a seguinte frase: é preciso que tudo mude para que nada se transforme. Ou seja, é preciso sempre desenvolver a produção com novas tecnologias e formas de organização, para que: 1. A produção aumente e, com isso, aumentem os lucros dos capitalistas; 2. Aumente o controle do capitalista sobre a classe trabalhadora. Portanto, para Marx, o desenvolvimento do capitalismo se baseia na exploração e na dominação da classe trabalhadora pela classe capitalista. Nesse sentido, as classes sociais se chocam e as transformações históricas e sociais se desenrolam.
         Vemos, por exemplo, que de um lado os trabalhadores reivindicam, por meio dos seus sindicatos, melhores salários e condições de trabalho. De outro lado, os capitalistas querem aumentar seu lucro. Existe, então, um embate entre forças sociais opostas. Uma quer ampliar seu lucro, empregando técnicas produtivas cada vez mais sofisticadas; a outra resiste, a fim de manter e/ou ampliar suas condições materiais de sobrevivência. Temos, portanto, uma sociedade baseada em relações contraditórias, que inspiram confrontos políticos originários da divisão social em classes.

Atividade

1º) A moderna sociedade burguesa não aboliu as oposições de classes. Apenas pôs novas classes, novas condições de opressão e de luta, no lugar das antigas. O que fez surgir essa nova sociedade?
a) abolição das classes sociais;
b) Revolução industrial;
c) declínio da sociedade feudal;
d) declínio da sociedade moderna.

2º) Marx escreveu várias obras sobre a relação de exploração e dominação social do capital em relação ao trabalho. Qual é o argumento central nessas obras?
a) É o de que as sociedades se dividem em classes sociais;
b) A classe capitalista não tem como ponto central a dominação da classe trabalhadora;
c) A classe trabalhadora não é explorada pela capitalista;
d) A dominação de classes sociais não é relevante para o meio social.

3º) Por que, para Marx, temos uma sociedade baseada em relações contraditórias, que inspiram confrontos políticos originários da divisão social em classes.  
a) Porque é irrelevante o embate entre forças sociais opostas;
b) Porque reivindicar, por meio dos sindicatos, melhores salários e condições de trabalho é errado;
c) Os capitalistas querem aumentar seu salário sem greves;
d) Capitalista quer mais lucro e o trabalhador manter e/ou ampliar suas condições materiais de sobrevivência.
Sociologia hoje (127 - 129): volume único: ensino médio /Igor José de Renó Machado [et al.]. 1. ed. São Paulo: Ática, 2013.

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