21 de mar. de 2017

Sociologia: 3ª aula do 2º ano do Ensino médio.

Max Weber: ação social e tipos ideais

        Max Weber nasceu na Alemanha, em 1864. Suas principais obras estão concentradas entre a primeira e a segunda décadas do século XX e estabelecem um novo estágio para as Ciências Sociais. Weber também se empenhou em sistematizar a Sociologia, mas sua análise difere muito da de Durkheim, sobretudo no que se refere à importância do indivíduo e de sua ação social. Diferente de
Durkheim, Weber não considerava a sociedade algo exterior e superior aos indivíduos. Para ele, a sociedade deveria ser analisada com base no conjunto das ações individuais.
        Mas o que significa isso? Segundo Weber, qualquer ação individual é orientada por outras ações, ou seja, quando agimos, levamos em conta e nos orientamos pela ação de outras pessoas. Com base na expectativa de como nossa ação será recebida, agimos de uma ou de outra maneira. Nossa ação individual é considerada por Weber social, pois está inserida em um contexto social e histórico que qualifica todas as ações individuais.
        Nesse sentido, os fenômenos sociais são consequências de ações individuais, o que nos leva a entender que não há oposição entre o indivíduo e a sociedade, pois, para Weber, só é possível compreender a sociedade na medida em que a ação individual a manifesta. Assim, o indivíduo não é considerado produto de um todo coercitivo. Ele é, pelo contrário, responsável por seus atos. A sociedade não tem um sentido próprio, mas sim é reproduzida pelos indivíduos, que com suas ações lhe conferem sentido. Portanto, a sociologia de Weber tem como um de seus principais fundamentos a indicação de que a compreensão de fenômenos sociais estruturais — como o capitalismo, os Estados, as religiões, os regimes políticos e as formas de poder e dominação — reside na análise das ações individuais ou de um conjunto dessas ações.

Assim Falou Weber

        [A sociologia é a] ciência que tem como meta a compreensão interpretativa da ação social de maneira a obter uma explicação de suas causas, de seu curso e de seus efeitos. Por “ação” se designará toda a conduta humana, cujos sujeitos vinculem a esta ação um sentido subjetivo. Tal comportamento pode ser mental ou exterior; poderá consistir de ação ou omissão no agir. O termo “ação social” será reservado à ação cuja intenção fomentada pelos indivíduos envolvidos se refere à conduta de outros, orientando-se de acordo com ela.
        Para Weber, o indivíduo é a unidade referencial central, tanto para si mesmo quanto para a sociedade. Isso significa que o método de análise weberiano parte do indivíduo e da ação individual para explicar os fenômenos sociais. Assim, por exemplo, não seria possível explicar o aumento do número de suicídios pela crise econômica em dado país. Ao contrário, seria necessário partir da análise empírica das ações individuais que motivaram esse aumento de suicídios. Podemos, portanto, entender que a ação social é o objeto de análise central da sociologia de Weber.
        Mas o que é uma ação social? Para Weber, trata-se de qualquer ação do indivíduo que é orientada pela ação de outros indivíduos. Por exemplo, as eleições.
O eleitor vota, orientando-se pelos comentários, pela intenção e até mesmo pelo voto de outros eleitores. Ou seja, a ação é individual, mas só se torna compreensível sociologicamente na medida em que a escolha de determinado candidato tem como referência o conjunto dos demais eleitores.

Você já pensou nisto?

        Nossas escolhas têm relação com as escolhas que outras pessoas fazem. Estamos sempre imersos em contextos sociais que nos influenciam e que orientam nossas ações individuais. Quando você diz que gostou de um filme, que escolheu um candidato ou que prefere um certo modelo de tênis, você está se orientando subjetivamente pela ação de outros indivíduos. Procure refletir sobre seus últimos atos de consumo e em que medida eles podem ter sido motivados pela ação de outros indivíduos.

        A análise que Weber faz das sociedades e de seus fenômenos particulares tem como referência central o agente individual e sua ação. Assim, a manifestação histórica de determinados fenômenos deve ser compreendida com base em um conjunto de ações individuais. Partindo das ações individuais, Weber pretende compreender questões sociais mais gerais. Portanto, para examinar questões que afetam e definem a sociedade como um todo, é preciso partir da análise de ações individuais subjetivas. O conhecimento sociológico, diz Weber, só pode ser objetivo se tiver como objeto de estudo a ação individual.
        Mas o que deve ser analisado? Para Weber, a realidade é infinita e, por isso, deve ser recortada para ser compreendida. O objeto de análise é, assim, criado pelo sociólogo. O cientista faz uma seleção dos fatos que vai estudar: sua escolha é subjetiva. Ele decide o que analisar com base em julgamentos fundamentados em seus valores pessoais. A partir desse momento, que é essencialmente subjetivo, Weber constrói um método de análise para atingir a objetividade científica. Os resultados são considerados objetivos na medida em que os procedimentos de análise da ação social são efetivamente aplicados. Quanto mais distante do objeto de análise o sociólogo se coloca, mais objetivos serão os resultados de sua pesquisa.
        Os procedimentos de análise, que garantem a objetividade dos resultados, estão diretamente relacionados à construção de tipos ideais ou tipos puros. O tipo ideal é uma “ferramenta” que o pesquisador usa para se aproximar da realidade. Comparando com a Física, podemos dizer que o tipo ideal é uma régua para medir determinado elemento. Trata-se de um recurso para medir a realidade, para compreender o conteúdo dessa realidade.
Como a realidade é múltipla e impossível de ser descrita em sua totalidade,
Weber constrói tipos ideais para se aproximar o máximo possível da realidade analisada. Esses tipos ideais são construídos com base em regularidades sociais por ele observadas. Note que a construção de um tipo ideal, apesar de amparada na realidade, é apenas uma elaboração teórica do pesquisador.
Algo como escolher certas características regulares de determinada sociedade e construir um tipo ideal de pai de família. Quando o pesquisador for analisar uma sociedade específica, esse tipo ideal de pai de família, apesar de não se encaixar exatamente na realidade, servirá de base para compreender como, por exemplo, alguns pais estabelecem relações com suas famílias em determinada comunidade.
        Weber construiu quatro tipos ideais de ação social: 1. a ação social com relação a fins; 2. a ação social com relação a valores; 3. a ação tradicional; e 4. a ação afetiva. Por ser tipos ideais, essas ações não são exatamente reconhecíveis na realidade. Mas com base nessas construções teóricas, podemos observar a realidade e constatar algumas ações individuais caracterizadas por um ou mais tipos ideais de ação. O importante aqui é entender que esse mecanismo favorece o entendimento da sociedade na medida em que aproxima o pesquisador da realidade estudada.

Atividade

1º) Diferente de Durkheim, Weber não considerava a sociedade algo exterior e superior aos indivíduos. Para esse autor, como a sociedade deveria ser analisada?
a) Sem considerar o conjunto das ações individuais;
b) Com base no conjunto das ações individuais;
c) A ação social é irrelevante para a análise da sociedade;
d) Uma ação individual não pode ser orientada por outras ações. 

2º) Para Weber, o indivíduo é a unidade referencial central, tanto para si mesmo quanto para a sociedade. O que isso significa?
a) Que ações individuais não podem explicar os fenômenos sociais;
b) Que os indivíduos não influenciam a sociedade;
c) Que ações individuais podem explicar os fenômenos sociais;
d) Uma sociedade só pode ser explicada partindo das ações dos políticos.

Sociologia hoje (124 - 127): volume único: ensino médio /Igor José de Renó Machado… [et al.]. – 1. ed. –São Paulo: Ática, 2013.

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