Após perceber a defesa do trote solidário durante os primeiros dias de aula na UFMT, Chicó começou a pensar sobre a solidariedade dos acadêmicos Brasil a fora.
– Por que fazem trote solidário?
– É que os carentes não possuem condições para comprarem o básico para sobreviverem, chicó. Esse é um dos horrores... E da miséria.
– Mas nosso país tem uma carga tributária de quase 40%, em relação ao PIB. Isso não é dinheiro suficiente para manter o Estado e seus dependentes (os que não podem trabalhar)?
– Não sei, Chicó. Aliás, ninguém sabe. Os políticos e os CNE (cargo de natureza especial nos governos) não estão dispostos a trabalharem em um Estado eficiente e honesto e, por causa disso, deve falta dinheiro.
– Você está dizendo que devido à falta de honestidade dos agentes do Estado, Chicó tem que fazer trote solidário?
– Chicó, não é bem assim. Os políticos também precisam trocar gasolina por votos e isso custa dinheiro. No Norte do Estado tem até uns vereadores que foram pegos com a boca na tigela...
– Então o dinheiro que deveria ser usado para solidariedade é usado para comprar gasolina e trocar por votos em época de eleição?
– Não, Chicó. Mas no Brasil existe muita corrupção. Tem até um deputado que não declarou um "simples castelo" à Justiça Eleitoral.
– Tá bem. Se tem uma coisa que eu aprendi nos meus dias de aula é que preciso participar de um trote solidário, mesmo que não seja solidário, o importante é que este trote não seja uma manifestação para combater a corrupção no Estado. Já pensou se um acadêmico for filho de um corrupto do Estado? Ou se a universidade tiver um professor empossado num CNE (as universidades têm os alunos que merecem)?