5 de jun. de 2017

Sociologia: 3ª aula do 2º bimestre - 2º ano do Ensino Médio.

 Classe e estratificação social  
      O valor dos salários, o tipo de trabalho, os posicionamentos políticos e ideológicos, o fato de sermos ou não proprietários dos meios para produzir nossa subsistência, ou mesmo se vamos ao cinema ou lemos livros com frequência, se gostamos de ópera ou quantos televisores temos em casa, se nossa casa é própria ou alugada, todas essas questões, assim como muitas outras, podem ser utilizadas como referência para definir a que classe, estrato ou grupo social pertencemos.
         Quando vemos na tevê que o governo criou uma política de assistência social, quando ouvimos dizer que a renda de determinados indivíduos subiu ou lemos no jornal que a classe média aumentou em escala nacional nos últimos anos, estamos, mesmo sem perceber, nos informando sobre questões relacionadas à teoria das classes e à teoria da estratificação social.
         Neste capítulo, detalhando o que foi discutido no capítulo 6, veremos como Durkheim, Weber e Marx qualificaram a divisão social em geral e, particularmente, no capitalismo. Trataremos também da divisão social no mundo de hoje, diante das questões sociais, políticas e econômicas presentes nas sociedades contemporâneas.
A divisão da sociedade em durkheim: grupos Profissionais ou funcionais
                Antes de expor a teoria de Durkheim (ver Perfil no capítulo 6), vamos examinar algumas referências utilizadas para definir as diferentes classes sociais. Uma das mais empregadas pelos meios de comunicação é uma análise estatística de divisão em estratos sociais baseada na renda. Define-se a classe social levando em conta apenas a renda familiar, isto é, a soma dos salários mensais das pessoas que vivem na mesma moradia. Como resultado temos as definições de classe A, B, C, D e E.
         Embora se inspirem em correntes de explicação sociológica, essas definições não transmitem a complexidade da realidade social. A divisão social é uma das questões mais controversas das ciências sociais. Podemos começar nossa discussão pela pergunta: se as sociedades não podem ser consideradas apenas aglomerações de indivíduos, o que de fato caracteriza uma sociedade?
         A Sociologia parte do pressuposto de que a sociedade é composta de conjuntos de relações sociais, e não de indivíduos. Um indivíduo, um grupo, uma classe, um estrato só tem sentido sociológico se pensados dentro da estrutura geral da qual fazem parte.
         A Sociologia pode ser definida como uma ciência da sociedade, que por sua vez é constituída por relações sociais. Assim, para a Sociologia um indivíduo não é apenas um organismo vivo, mas uma síntese de relações sociais historicamente determinadas: a síntese de um tipo de educação formal e familiar, de um tipo de cultura, de economia e de um conjunto de ideologias específicas presentes em certa sociedade.
         Antes de estudar como Émile Durkheim dividiu teoricamente a sociedade, é preciso entender como ele pensou a própria composição das sociedades. Durkheim foi um dos primeiros pensadores a delimitar o campo das análises sociológicas.
Para especificar esse campo, desenvolveu os conceitos de fato social e de divisão do trabalho que vimos no capítulo 6.
         Entretanto, ainda não tocamos em um ponto central da teoria de Durkheim. Para ele, a sociedade não é apenas a somatória dos indivíduos nem a soma de instituições, como o governo, o Estado, a Igreja, a escola, os partidos e os sindicatos: ela é um fato social sui generis, ou seja, age sobre o indivíduo de forma coercitiva, é exterior ao indivíduo e anterior a ele. A sociedade é sui generis na medida em que não depende do indivíduo: vai além da soma dos indivíduos que a compõem.
         Durkheim considera que as normas e padrões sociais determinam as condutas individuais. Ou seja, esse conjunto de relações sociais é o que confere a cada sociedade seu caráter único, específico. Para chegar a essa conclusão, Durkheim escreveu uma teoria do desenvolvimento das sociedades. Elaborou, assim, um modelo de análise sociológica que estabelece a distinção entre duas formas de socialização: a solidariedade (ou socialização) mecânica e a solidariedade (ou socialização) orgânica.
         Para Durkheim, as primeiras sociedades foram marcadas pela solidariedade mecânica. Caracterizadas por baixo nível de divisão do trabalho, nelas o elo entre os indivíduos se deu por uma forte consciência coletiva, expressão de crenças e valores rígidos. Nesse tipo de sociedade os indivíduos são parecidos entre si, refletindo a estrutura social (valores e crenças rígidos) e regulados por uma moral coletiva (consciência coletiva). Qualquer tipo de infração que quebre essa moral é corrigido por uma sanção, uma forma de penalidade que procura restabelecer imediatamente a ordem do sistema social.
         Com o desenvolvimento da divisão do trabalho, as formas de solidariedade orgânica também se desenvolvem.
O processo de diferenciação social torna-se cada vez mais intenso. No entanto, os laços sociais característicos das sociedades precedentes se enfraquecem. A consciência coletiva como elemento moral de agregação e integração dos indivíduos se torna mais fraca diante da desigualdade e da diferenciação de funções profissionais especializadas. A interdependência funcional entre os indivíduos marca a solidariedade orgânica.
         Para Durkheim, a divisão do trabalho é o elemento central para qualificar essas duas formas de solidariedade, tanto nas sociedades capitalistas como em todas as sociedades anteriores. Esse autor se dedicou a entender os princípios gerais que motivaram o desenvolvimento das sociedades até o capitalismo. Ele entende que a primeira sociedade se estruturou em razão do adensamento populacional, isto é, ao tornar-se mais condensada, a população forneceu as bases para o crescimento econômico, característico do desenvolvimento da divisão do trabalho.
         Os grupos funcionais ou profissionais são para Durkheim parte central da divisão social. As classes sociais são pensadas com base nessa fundamentação funcional. Capitalistas e trabalhadores se diferenciam na medida em que cumprem funções sociais diferentes e contribuem para o desenvolvimento da divisão do trabalho. A divisão social tem relação com a forma predominante de sociabilidade ou solidariedade e tem seu centro nos grupos profissionais e nas organizações a eles relacionadas.
         Nesses termos, Durkheim considera a formação profissional e a especialização como meios positivos de sociabilidade. As corporações profissionais (à semelhança dos sindicatos) têm a função de aproximar o ser individual do ser social a partir do estabelecimento de uma moral coletiva. Às corporações profissionais cabe regular a relação entre capitalistas e trabalhadores e também entre os trabalhadores entre si, com o objetivo de afastar desse processo elementos que possam impedir o desenvolvimento adequado da divisão do trabalho.
         Segundo Durkheim, o processo natural de desenvolvimento da divisão do trabalho seria substituído pela regulamentação das corporações profissionais. O trabalhador aparece nesse processo como mero executante de algo planejado em outras instâncias e que lhe é, portanto, exterior.
Atividade
7º) Há uma divisão da sociedade em classes sociais é bem nítida no Brasil. Quais questões não podem ser utilizadas como referência para definir a que classe, estrato ou grupo social pertencemos?
a) Valor dos salários e o tipo de trabalho.
b) Os posicionamentos políticos e ideológicos.
c) O fato de lemos livros com frequência. 
d) O Estado da federação que moramos.
e) O fato de sermos ou não proprietários dos meios para produção.

8º) A sociedade é sui generis (original) na medida em que não depende do indivíduo: vai além da soma dos indivíduos que a compõem. Isso significa que uma sociedade violenta terá:
a) Uma polícia pacífica.
b) Todos indivíduos violentos.
c) Que a violência vai acabar quando a polícia matar todos os bandidos.
d) Os mais pobres como vítima da violência. 
e) Um contexto que não depende de apenas um policial para a polícia ser violenta.    

9º) Para Durkheim, o conjunto de relações sociais é o que confere a cada sociedade seu caráter único, específico. Logo se a sala de aula é bagunçada a sociedade também será bagunçada. Por que ele pensa assim? 
a) As normas e padrões sociais determinam as condutas individuais.
b) As normas e padrões sociais não determinam as condutas individuais.
c) Normas e padrões sociais são irrelevante na análise social.
d) O comportamento social depende unicamente da família.
e) O comportamento social depende unicamente do sistema educacional.

10º) Com o desenvolvimento da divisão do trabalho, as formas de solidariedade orgânica também se desenvolvem, mas os laços sociais característicos das sociedades de solidariedade mecânica desaparecem. Neste contexto é possível afirmar que:
a) O processo de diferenciação social é semelhante ao da solidariedade mecânica.
b) O processo de diferenciação social torna-se cada vez mais intenso.
c) A divisão do trabalho não aumentará a diferenciação social.
d) A divisão do trabalho é mais intensa em sociedade com solidariedade mecânica.
e) A solidariedade orgânica é mais intensa em sociedade com pouca divisão do trabalho.
Sociologia hoje (153 - 155): volume único: ensino médio /Igor José de Renó Machado [et al.]. 1. ed. São Paulo: Ática, 2013.

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