5 de jun. de 2017

Pacto Social: tomamos por agente político aquilo que na verdade é ciência política


Um grupo de pessoas tendo em vista conseguir a paz, e através disso sua própria conservação, criaram um homem artificial, ao qual chamamos Estado, assim também criaram um espaço artificial para a liberdade, delimitado pelas leis civis, as quais eles mesmos, mediante pactos mútuos, são forçados a respeitar. 
O Pacto tem uma ligação, feita por uma espécie de corda sonora, da boca de uns ao ouvido de outros. Aonde o número de sábio é relevante a boca da população está presa em umas das pontas dessa corda e na outra os ouvidos dos membros da assembleia. Quando esse número de sábios não é relevante a coisa se inverte, temos a boca dos membros da assembleia em uma das pontas e o ouvido da população na outra.
-----É unicamente em relação a esses laços que podemos analisar uma sociedade. Dado que os interesses defendidos na Assembleia do Estado dependem da voz que fala em uma das pontas da corda. Segue-se necessariamente que em muitas espécies de ações o poder público tem a liberdade de fazer o que a razão de cada um sugerir, como o mais favorável a seu interesse e a voz que fala só pode defender a própria vontade.
Portanto os interesses da população só vão ser defendidos se essa colocar a boca em um dos lados da corda, porque quem regula as ações são as vozes que falam e não os ouvidos que ouvem. Essa boca que fala diz como vai ser a liberdade de comprar e vender, como os contratos mútuos serão realizados, como será o financiamento de sua residência, quais serão os preços da alimentação, o que é necessário para sua profissão, como instruir seus filhos conforme achar melhor, quanto vai ser o imposto a ser pago, e coisas semelhantes.
Você não é obrigado a falar e ser minimamente politizado, no entanto, nada que a assembleia representante faça com a população, sob qualquer pretexto, poderá ser propriamente chamado de injustiça ou injúria. Porque cada pessoa é autora de todos os atos praticados pela assembleia, de modo que a estes nunca faltam o direito, seja de falar ou de ouvir, e consequentemente somos obrigados a respeitar as leis criadas por quem indicamos para ser nosso representante.
Quer o Estado seja uma ditadura, quer seja uma democracia, o interesse defendido é sempre pertencente a voz que fala e não ao ouvido que ouve. Mas é coisa fácil os tolos se deixarem iludir pelas ações de políticos corruptos, por falta de capacidade de distinguir, tomam por agente político aquilo que na verdade é ciência política. Dizem eu odeio política, quando deveriam dizer eu odeio “político corrupto”. 
Chico de Oliveira

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