19 de jun. de 2017

Sociologia: 4ª aula do 2º bimestre - 2º ano do Ensino Médio.

 A estratificação social em Weber: classe, estamento e partido
            Para Weber (ver Perfil no capítulo 6), a vida em sociedade é caracterizada por situações assimétricas que estabelecem certos tipos de conflito social. As relações sociais contêm quantidades distintas de prestígio social, econômico e político que são distribuídas pela sociedade. Assim, as relações de desigualdade são sempre relações de pode.
        As ordens política, social e econômica são distintas, mas não completamente independentes umas das outras. Entretanto, cada uma delas exige um aparelho conceitual específico para ser analisada. É no indivíduo e em sua ação que se realiza a fusão dessas ordens. Segundo Weber, cada esfera da atividade social se constitui por relações de poder distintas, que podem ou não ser vinculadas entre si. Por isso, Weber estabelece conceitos diferentes para se referir a cada uma dessas situações.

         A teoria da estratificação social criada por Weber para analisar a sociedade tem como fundamento três conceitos centrais: o de classe (e dentro dele o de situação de classe), o de status (ou estamento) e o de partido. Esses conceitos são tipos ideais de diferenciação social. Cada um deles delimita um determinado tipo de pertencimento (ou não) a estratos sociais diferentes. Mas como são tipos ideais, servem apenas de ferramenta de aproximação, nunca representam a própria realidade social. Assim, é possível observar grupos, estratos e instituições sociais que têm características de tipos ideais diferentes, ainda que um deles seja predominante.
         Para Weber, a posse de propriedade é a característica central para determinar uma situação de classe. Apesar de estabelecer que há diferentes tipos de propriedade, de bens e de rendimentos, o que acarreta estratificações sociais dentro de uma classe, Weber entende que a classe social se fundamenta por uma situação de mercado, isto é, tem base predominantemente econômica. A definição de classe está condicionada, então, à situação de mercado, ou seja, à condição econômica ou padrão material de existência dos indivíduos. O termo classe refere-se, portanto, a qualquer grupo de pessoas que se encontram em uma mesma situação econômica.
         Já a estratificação por status tem relação com o prestígio, a posição social, o estilo de vida, a instrução formal. Ela se distingue da estratificação por classe, pois a posse de propriedade nem sempre é suficiente para garantir uma posição social de prestígio. Em contraste com as classes, os grupos de status em geral constituem comunidades e situações determinadas pela estimativa social, positiva ou negativa.
         Weber nota que a propriedade econômica nem sempre está relacionada ao status. No entanto, a longo prazo, a situação de classe pode também ser um atributo da situação de status. Ou seja, quase sempre o proprietário tende a ser o chefe. Mas isso não é necessariamente verdade, pois existem pessoas com e sem propriedades que se encontram no mesmo grupo de status.
Por fim, o partido é uma forma de estratificação na qual a distribuição de poder se dá pela capacidade de controle de uma organização. Se o lugar das classes sociais é a ordem econômica, e o lugar dos grupos de status é a ordem social (na esfera de distribuição de renda), o lugar do partido é a ordem política.
         Como vimos, há influência recíproca entre a ordem das classes e dos grupos de status, que acabam, finalmente, por influenciar e serem influenciados pela ordem política. A característica central do partido é o poder, e a orientação da ação social do partido é a aquisição de poder. Podem existir partidos em um clube, em um grêmio estudantil, no governo e no Estado, e todos esses partidos se movimentam em torno de fatores típicos, como as ações comunais, as diferenças de classe e as diferenças de status.
         O partido pode incorporar interesses de ordens distintas. Pode também representar situações de classe ou grupos de status, pode recrutar adeptos de um ou outro grupo e pode também não ser “puro”, no sentido em que recruta indivíduos apenas com base na situação econômica de classe ou pelo status. Assim, os partidos podem representar estruturas efêmeras ou duradouras e se utilizar de mecanismos variados para alcançar o poder, tais como a violência, o voto, o dinheiro, a influência social e o poder da oratória. É possível distinguir sociologicamente os partidos pelo tipo de ação, e esse caráter comum pode ser estratificado pela classe ou pelo status, isto é, pela situação do indivíduo no mercado ou por seu prestígio social.
Você já pensou nisso?
         A estratificação social de Weber cria critérios arbitrários de delimitação dos indivíduos em classes, status e partidos diferentes. Com essa teoria podemos estabelecer vários estratos sociais e hierarquizá-los, seja do ponto de vista da renda, do prestígio social, das ações políticas, seja do ponto de vista das crenças religiosas, da organização sindical, das preferências artísticas e culturais. Entretanto, na prática, vários desses critérios se entrecruzam. Há indivíduos cujas ações sociais podem ser, ao mesmo tempo, caracterizadas pela renda, pelo prestígio e pelo poder político. Tente refletir sobre esse processo de estratificação levando em conta as eleições para presidente, governador e prefeito. Existe ligação entre as condições econômicas dos indivíduos e a escolha de seus candidatos? Quais seriam as causas dessa ligação?
Atividade
11º) As relações de desigualdade são sempre relações de poder e, para Weber, a vida em sociedade é caracterizada por situações assimétricas que estabelecem certos tipos de conflito social. Por que esse autor pensa isso?
a) Os papeis sociais apresentam desigualdades de prestígio social, econômico é político.
b) Os papeis sociais apresentam-se no mesmo nível de prestígio social, econômico é político. 
c) O poder político é apenas para as pessoas com boas intenções.
d) Desigualdade política não tem relação com prestígio social.

12º) Weber entende que a classe social se fundamenta por uma situação de mercado e é diferente de uma estratificação por status. Logo podemos dizer que:
a) A estratificação por classe é de prestígio.
b) A estratificação por status é econômica.
c) A estratificação por classe e por status são econômicas.
d) A estratificação por status é por prestígio.

13º) O partido é uma forma de estratificação na qual a distribuição de poder se dá pela capacidade de controle de uma organização. Qual é o lugar do partido na sociedade?
a) A ordem econômica.
b) A ordem social.
c) A ordem política.
d) A ordem religiosa.

14º) A estratificação por status não se refere à grupo de pessoas que se encontram em uma mesma situação econômica. Os grupos de status em geral constituem comunidades e situações determinadas pela estimativa social, positiva ou negativa.
Explique isso?
a) Significa que a ordem do status é econômica.
b) O status visa a ordem política.
c) Significa que a ordem do status é social.
d) Que a ordem é financeira.  
Sociologia hoje (153 - 155): volume único: ensino médio /Igor José de Renó Machado [et al.]. 1. ed. São Paulo: Ática, 2013.    
 

       

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