25 de mai. de 2017

Sociologia: 2ª aula do 2º bimestre - 3º ano do Ensino Médio.

O Brasil e a Globalização

                A globalização apresenta para o Brasil desafios bastante difíceis. Com base nas aulas anteriores, podemos destacar três tipos principais de desafios:
       1. O Brasil, como os outros países democráticos, precisa lidar com a realidade de que seu governo tem menos controle sobre a economia do que já teve. O país tem, ainda, as dificuldades adicionais características de países de desenvolvimento médio, analisadas pelo pesquisador norte-americano Geoffrey Garrett (1958-). Os países mais pobres do mundo podem lucrar com a globalização oferecendo mão de obra barata, como fizeram China e Índia. Já os países mais ricos, como os Estados Unidos ou a Alemanha, podem aproveitar seu potencial de criação de tecnologia, sua população com grande qualificação educacional e suas instituições sólidas (um sistema legal ágil e transparente, baixa corrupção, leis que incentivam a atividade econômica, boas políticas sociais). Ora, o Brasil tem salários mais altos do que os da China e capacitação tecnológica e educacional menor do que a da Alemanha. Sendo assim, como podemos nos adaptar à globalização?
          Supondo que ninguém defenda que nos tornemos mais pobres ou que tenhamos menos direitos para poder competir com a China, fica claro que a globalização aumenta a pressão para que tenhamos as qualificações educacionais, tecnológicas e institucionais necessárias para competir com os países desenvolvidos. Embora nas últimas décadas o Brasil tenha feito alguns avanços importantes nesse sentido, ainda estamos longe de alcançar esses objetivos.
         2. O Brasil luta para participar da governança global: um dos objetivos da política externa brasileira nos últimos anos tem sido tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Com países como Alemanha, Japão e Índia, o Brasil tem pleiteado que o conselho seja reformado. Atualmente, o Brasil lidera as forças de paz da ONU que atuam desde 2004 no Haiti, país que passou por diversas crises políticas nas últimas décadas.
         O Brasil também procura reforçar as instituições internacionais em nossa vizinhança, em especial com a criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul), que pretende integrar cada vez mais as economias dos países da América do Sul. Até 2012, seus membros permanentes eram o Brasil, a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e a Venezuela; diversos outros países do continente são membros associados.
         O Brasil também assumiu uma posição importante na negociação dos tratados comerciais na Organização Mundial do Comércio, associando-se a outros países em desenvolvimento para pressionar os países desenvolvidos a reduzirem as medidas protecionistas. Vale dizer, entretanto, que essas negociações não produziram resultados importantes nos últimos anos.
         É importante notar que devido aos imensos recursos naturais que possui, o Brasil é palco de lutas globais pela preservação do meio ambiente. Isso constantemente cria tensões entre os grupos defensores da preservação ambiental (que inclui as ONGs internacionais, mas também ONGs nacionais, grupos indígenas e outros setores da população brasileira) e interesses econômicos nacionais (latifundiários, garimpeiros, empresas mineradoras, etc.). A grande importância global da agricultura brasileira também põe o país em evidência, por exemplo, na discussão sobre a produção de alimentos transgênicos.
         Parte significativa da luta política brasileira atual pode ser entendida como tentativas de enfrentar esses desafios. Isso é mais óbvio no debate sobre economia, em que os diferentes partidos apresentam vários projetos visando tirar o Brasil da condição de fornecedor de mão de obra barata. Boa parte dos debates políticos brasileiros (nem sempre os que recebem maior destaque) se refere a medidas que podem ser tomadas para desenvolver a indústria, reduzir obstáculos ao crescimento econômico e, principalmente, fazer isso ao mesmo tempo que se enfrentam dois problemas históricos: a pobreza e a desigualdade. A questão é difícil porque, como em todo problema político importante, nem sempre é possível atingir todos os objetivos ao mesmo tempo: às vezes é necessário sacrificar o crescimento em nome do combate à pobreza; às vezes é o contrário. Cabe à população, por meio do voto, decidir qual a melhor opção em cada momento.
         Também cresce no cenário brasileiro a preocupação com o meio ambiente. Um dos debates mais importantes do país no momento é justamente sobre como aproveitar o potencial econômico brasileiro sem degradar o meio ambiente (o que, no longo prazo, significa deixar de ter esse potencial). Não há consenso sobre como fazer isso da melhor forma, e é provável que, novamente, seja necessário sacrificar diferentes objetivos em diferentes momentos: às vezes será necessário sacrificar o crescimento, às vezes será necessário sacrificar o meio ambiente, e, novamente, caberá aos eleitores saberem quando fazer o quê.
Você já pensou nisto?
                Pode parecer que a globalização é uma coisa muito distante da sua vida, algo que só interfere na vida de políticos ou de grandes empresários. Para perceber que não é assim, faça o seguinte exercício: esqueça por um momento as partes do jornal que costumam ser consideradas mais “difíceis” de compreender, como os cadernos de política, economia e arte. Leia os cadernos que tratam dos problemas de sua vizinhança ou de sua região, o de esportes, o noticiário policial. Você vai se surpreender ao ver como a globalização aparece claramente ali. No caderno de esportes, é possível que você leia sobre a venda de um jogador brasileiro para um clube estrangeiro, ou sobre o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo (que é organizada por uma organização internacional, a Fifa). No noticiário policial, boa parte das matérias pode envolver crimes relacionados a drogas, que, como vimos, são distribuídas por redes globais de produção e tráfico. Você ainda acha que a globalização é um assunto distante, que não interfere na sua vida?
O fim do socialismo real e a globalização
                Um dos acontecimentos que marcaram a aceleração da globalização econômica desde os anos oitenta foi o conjunto de transformações que afetaram os países até então socialistas, como a União Soviética, a China e os países da Europa Oriental. Durante boa parte do século XX, a existência desses países, em grande parte fechados para a economia mundial e sem espaço para a atuação das grandes empresas multinacionais, constituiu um limite para a globalização. Além disso, os regimes ditatoriais que caracterizaram o socialismo do século XX colocavam sérios limites à circulação de ideias e produtos culturais do mundo capitalista.
         A partir da década de 1970, o modelo de desenvolvimento econômico soviético começou a dar mostras de desgaste, e na década de 1980 uma grande tentativa de reformá-lo (a Perestroika, iniciada pelo líder soviético Mikhail Gorbachev) fracassou, dando início a uma gravíssima crise econômica e política que acabou por levar ao fim da União Soviética em 1991. Antes disso, em 1989, governos socialistas apoiados pela União Soviética foram depostos em países como Hungria, Polônia e Tchecoslováquia (que em 1993 se dividiu em República Tcheca e Eslováquia). O símbolo do fim do socialismo real foi a queda do
Muro de Berlim, que simbolizava a divisão da Alemanha em dois países: a Alemanha Ocidental, capitalista, e a Alemanha Oriental, socialista. A Alemanha se reunificou em 1990.
         Ao mesmo tempo, o governo socialista da China (a outra grande potência socialista, rival da União Soviética) iniciou um processo de reformas que, preservando a ditadura do partido comunista, incentivou a entrada de empresas multinacionais no país e o desenvolvimento do setor privado (praticamente inexistente na maioria dos países socialistas, onde a economia era controlada pelo Estado). Como resultado, a China passou a crescer em um ritmo muito acelerado, tornando-se responsável por grande parte da produção industrial do mundo.
         Assim, o fim do socialismo real contribuiu para a globalização de diversas formas: abrindo os antigos países socialistas, como China e Rússia (que fazia parte da União Soviética), para investimentos e produtos estrangeiros; permitindo a unificação da Alemanha, outro grande centro econômico global; e, finalmente, fortalecendo, ao redor do mundo, os defensores do livre mercado, que agora podiam usar como argumento em defesa de suas propostas a crise do socialismo, em que a atividade econômica era rigidamente controlada pelo Estado.
Atividade
4º) O Brasil tem as dificuldades adicionais características de países de desenvolvimento médio em um mundo global. Como podemos nos adaptar à globalização, supondo que ninguém defenda uma competição com a China?
a) Ficar mais pobre para baratear a mão de obra.
b) Fechar as fronteiras para produtos importados.
c) Qualifica-se, do ponto de vista educacional, em todas as frente para competir.
d) Apenas qualificar o povo para o trabalho.
e) Todas estão erradas.

5º)  É importante notar que devido aos imensos recursos naturais que possui, o Brasil é palco de lutas globais pela preservação do meio ambiente. Isso cria tensões entre os grupos que tem:
a) Os mesmos interesses, como os latifundiários e os defensores da preservação ambiental.
b) Com interesses opostos, como os indígenas e os defensores da preservação ambiental.
c) Os mesmos interesses, como os indígenas e os defensores da preservação ambiental.
d) Com interesses opostos, como os latifundiários e os defensores da preservação ambiental. 
e) Os defensores da preservação ambiental não contrariam interesses dos latifundiário.

6) O fim do socialismo real contribuiu para a globalização de diversas formas e entre essas formas podemos citar:
a) Fortalecendo, ao redor do mundo, o livre mercado.
b) Fechando mais os países para as trocas comerciais.
c) Permitindo a unificação da União Soviética.
d) Fim da Organização Mundial do Comércio (OMC).
e)  Aumento da rigidez no controle da atividade econômica pelo Estado.
Sociologia hoje (239 - 142): volume único: ensino médio /Igor José de Renó Machado [et al.]. 1. ed. São Paulo: Ática, 2013.  
 

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