3 de abr. de 2017

Sociologia: 5ª aula do 2º ano do Ensino médio.

Sociologia: aspectos estruturais e conjunturais

            Sabemos que a formação da Sociologia como ciência é fruto de transformações históricas. Isso significa que as características gerais da Sociologia têm relação com a maneira como a sociedade se organizou no fim do século XIX e no início do século XX. A forma da organização da vida em sociedade nesse período, isto é, a forma de organizar a indústria, o comércio, as relações monetárias, a política dos Estados, a educação e o conhecimento em geral constituem a base para refletir sobre a razão de a Sociologia ter se estruturado como uma ciência particular, distinta da História e da Filosofia.
       Cada um dos autores que estudamos neste capítulo analisa a sociedade capitalista de sua época e enfatiza elementos que considera centrais. Nesse sentido, apesar de partirem da mesma referência empírica, que é a própria sociedade capitalista, cada um desses autores tem interpretações diferentes sobre a estrutura social e sobre os elementos conjunturais da sociedade. Entretanto, é possível precisar, com base na Sociologia nascente, o que é estrutura social e o que é conjuntura social.
      As sociedades, sejam elas indígenas, escravistas, africanas, orientais, monogâmicas, socialistas ou capitalistas, têm elementos gerais que se reproduzem ao longo do tempo. Esses elementos gerais são o alicerce da sociedade e se caracterizam como elementos típicos, isto é, elementos que tornam uma sociedade diferente de outra. A estrutura social, portanto, é formada por características gerais que dão particularidade à sociedade e se reproduzem ao longo do tempo. Assim, podemos entender que se uma sociedade tem seus elementos estruturais destruídos, ela perde sua particularidade, transformando-se em outro tipo de sociedade.
       Para ficar mais claro, vamos pensar na sociedade em que vivemos: a sociedade capitalista.
Ainda que os autores citados neste capítulo pensem de diferentes formas, todos consideram que o trabalho é um elemento central da estrutura da sociedade capitalista. No entanto, ao observar o trabalho de nossos pais e o trabalho que desenvolvemos hoje, notamos grandes diferenças. Por exemplo, hoje o computador é usado na maioria das profissões; há trinta anos, era pouco utilizado. A sociedade, portanto, passou de uma conjuntura a outra, reproduzindo o trabalho, mas esse trabalho se transformou.
       O que podemos concluir de tudo isso? Que sempre estamos imersos em conjunturas sociais. Entretanto, há elementos sociais que se reproduzem em todas as conjunturas específicas. Podemos dizer, por exemplo, que na história do capitalismo sempre houve trabalho e trabalhadores. Isso, portanto, faz parte da estrutura social. Não obstante, o trabalho foi modificado muitas vezes, tanto em sua forma de exploração como na relação do trabalhador com seu trabalho. Tanto na maneira como nos organizamos com base no trabalho como na relação que temos com as pessoas com quem trabalhamos.
       Portanto, por um lado, o trabalho em geral permanece, e por isso é um elemento central da estrutura social. Por outro lado, em cada conjuntura histórica o trabalho ganha características específicas, mas nem por isso perde suas características gerais. Por exemplo, temos um trabalho remunerado, isto é, trabalhamos em troca de um salário. No entanto, esse salário pode variar em razão de crises econômicas, da introdução de novas tecnologias, da inflação, da qualificação profissional, das greves, etc.
      Vimos, então, que a conjuntura histórica, isto é, um dado período da História, repõe os elementos estruturais da sociedade. Assim, na conjuntura podem existir novas manifestações sociais, sejam individuais, sejam grupais, mas essas manifestações estão, de alguma forma, relacionadas a aspectos gerais, à forma de organização histórica das sociedades. Podemos afirmar, portanto, que a sociedade é fundamentalmente uma construção histórica e que a Sociologia é uma ciência que busca observar os elementos de regularidade na relação que se dá entre o que é permanente e o que é ocasional.

Você já pensou nisto?

     Vivemos em sociedades que se transformam a cada segundo. Novas tecnologias, novos meios de comunicação, novos tipos de trabalho, novas formas de aprendizagem, novos métodos científicos. No entanto, ainda fazemos parte de uma sociedade com características que permanecem ao longo do tempo. Nossos hábitos parecem sempre novos, mas se pararmos para pensar veremos que existem padrões que herdamos e que se fundamentam na história de nossa sociedade. Com base nisso, pense sobre o que é realmente novo nas suas práticas cotidianas.

Atividade

1º) A sociedade apresenta elementos que a sociologia chama de estrutura e conjuntura social. Partindo dessa classificação, qual dos elementos abaixo é conjuntural em nossa sociedade democrática?
a) Política;
b) Eleição;
c) Venda de voto;
d) Trabalho.

2º) Estamos imersos em conjunturas sociais. Entretanto, há elementos sociais que se reproduzem em todas as conjunturas específicas. Como chamamos os elementos, que em qualquer conjuntura, permanece na sociedade?  
a) Conjunturais;
b) Político;
c) Sociais;
d) Estruturais;

3º) O trabalho é um elemento central da estrutura social. Por outro lado, ele já foi escravo e agora é assalariado. Por que isso é possível?
a) Porque o trabalho é conjuntural na sociedade;
b) Porque um elemento estrutural não pode ter várias conjunturas;
c) Porque um elemento central ou estrutural não tem várias conjunturas;
d) Porque os elementos centrais tem várias conjunturas em qualquer sociedade.
Sociologia hoje (221 - 222): volume único: ensino médio /Igor José de Renó Machado [et al.]. 1. ed. São Paulo: Ática, 2013.   

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