10 de ago. de 2020

Aula 1 do 3º ano Ensino médio 1º bimestre.

Política, poder e Estado  

         Quando você pensa em política, o que vem à sua cabeça? Provavelmente algo relacionado ao governo, às pessoas que administram a cidade, o estado ou o país. Você talvez pense nas eleições, em candidatos, no voto. E talvez tenha uma opinião desfavorável sobre a política: muita gente, quando ouve falar em política, logo pensa em corrupção.
            Mas você já pensou em quantas coisas boas na sua vida foram conseguidas por lutas políticas? Por exemplo, hoje você pode postar na internet uma frase como “Odeio todos os políticos, o governo é corrupto”. No Brasil, há menos de trinta anos, quem criticasse o governo desse jeito poderia ser preso, torturado e até morto. Isso só deixou de ser assim graças a um movimento político forte que mudou a forma de o país ser governado. E quem achar que outros problemas graves do Brasil podem ser resolvidos sem política está seriamente iludido.
            A Ciência Política ajuda a entender como funcionam o governo, as leis, os partidos, e tudo aquilo que influencia ou regulamenta a vida de cidadãos como você e seus colegas.

  Política e Poder

            O conceito fundamental da Ciência Política é o conceito de poder. A definição do sociólogo alemão Max Weber (ver Perfil no capítulo 6) mostra que o centro da atividade política é a busca pelo poder. Segundo Weber, a política é a luta por participar do poder ou influenciar sua repartição, seja em um Estado, seja entre os grupos de pessoas dentro de um Estado, seja na relação entre Estados. Mas o que, afinal, é o poder? Você já deve ter alguma ideia do que significa poder. Tem poder quem manda, quem é capaz de impor sua vontade sobre a dos outros. Essa é a definição clássica de poder: a possibilidade de impor sua própria vontade, mesmo que contra a vontade dos outros.
            Se um assaltante o ameaça com uma arma e lhe ordena que entregue a ele seu dinheiro, você provavelmente obedecerá, mesmo contra sua vontade. Quando isso acontece, ele está exercendo poder sobre você. Se a polícia interrompe o assalto e ordena ao ladrão que se renda, ele provavelmente vai obedecer, mesmo não tendo nenhuma vontade de ir preso. Quando isso acontece, os policiais exercem poder sobre o ladrão. Essas são formas de poder razoavelmente simples: alguém obriga outro alguém a fazer alguma coisa por meio de ameaça de violência física.
            Mas o poder com base apenas na ameaça de violência é frágil. O ladrão só consegue mandar no pequeno número de pessoas que mantém sob a mira de sua arma. Para o poder se estabelecer sobre um grande número de pessoas por um tempo razoável, é preciso que essas pessoas obedeçam mesmo quando não se veem explicitamente ameaçadas de violência. Imagine, por exemplo, se o governo precisasse manter um policial armado acompanhando cada um de nós, o tempo todo, para que cumpríssemos a lei. Dificilmente um governo como esse conseguiria se manter por muito tempo.
            Weber chamou a probabilidade de encontrar obediência em um grupo de pessoas de dominação. A dominação, para durar, precisa ser legítima: isto é, precisa, de alguma forma, convencer as pessoas de que é certo obedecer. Elas podem se convencer por motivos diferentes. Weber identificou três principais tipos de dominação legítima. Eles não são os únicos possíveis e, na prática, quase sempre se misturam em um processo de dominação. Os três tipos de dominação legítima, segundo Weber, são os seguintes:
            Dominação tradicional: é a dominação que se baseia no costume — quando se obedece porque “sempre foi assim” — ou em um hábito tão forte que nos pareceria estranho nos desviarmos dele. Muitas monarquias, por exemplo, foram e são legitimadas pela tradição: obedecer ao rei e à sua família já se tornou parte da maneira de viver de determinada sociedade, e os súditos achariam estranho viver de outro jeito. Em algumas religiões, é comum que os fiéis obedeçam ao líder espiritual porque esse comportamento já se tornou parte importante das crenças daquela religião.
            Dominação racional-legal: é a dominação que se baseia na crença de que é correto obedecer à lei. Não porque a lei seja inspirada por ordem ou crença divina, ou porque se concorde com todos os detalhes de todas as leis, ou porque obedecer seja sempre do seu interesse, mas porque a lei deve ser cumprida. Para entender o que é a crença na lei, basta pensar no que consideramos, na sociedade moderna, um bom funcionário público. Um bom funcionário público deve ter conseguido seu emprego por competência técnica (demonstrada em concurso público); deve sempre seguir o que diz a lei; e deve aplicá-la igualmente a todos os cidadãos, sejam eles brancos, sejam negros, ricos ou pobres, da mesma igreja do funcionário ou não, do mesmo partido político do funcionário ou não. Esse funcionário público corresponde ao ideal da dominação racional-legal.
         Dominação carismática: é a dominação que se baseia na crença de que o líder político possui qualidades excepcionais, dons extraordinários. Os liderados podem acreditar que o líder é inspirado por Deus, ou que é excepcionalmente capaz de compreender o verdadeiro destino da nação. É possível, a propósito, que os liderados estejam enganados — ou seja, que o líder não tenha nenhuma dessas qualidades. Mas, enquanto o líder convencer de que as tem, ele exerce poder sobre os liderados, muitas vezes inspirando-os a fazer coisas que normalmente não fariam. 

 Atividade

1º) Weber identificou três principais tipos de dominação legítima. Eles não são os únicos possíveis e, na prática, quase sempre se misturam em um processo de dominação. Quais são os três tipos de dominação legítima, segundo Weber?
a)      Tradicional, racional-legal e carismática;
b)     Familiar, estatal e policial;
c)      Tradicional, estatal e policial;
d)     Racional-legal, estatal e policial.

2º) Os dominados acreditam que o Líder é inspirado por Deus e a dominação se baseia na crença de que o líder político possui qualidades excepcionais e dons extraordinários. Qual é o tipo de dominação que estamos falando? 
a)      Racional-legal;
b)     Tradicional;
c)      Familiar;
d)     Carismática.

3º) Qual é dominação que se baseia na crença de que é correto obedecer à lei. Não porque a lei seja inspirada por ordem ou crença divina, mas porque a lei deve ser cumprida para o bem público?
a)      Tradicional;
b)     Carismática;
c)      Racional-legal;
d)     Cultural.  
Sociologia hoje : volume único : ensino médio /
Igor José de Renó Machado… [et al.]. – 1. ed. –
São Paulo : Ática, 2013.

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