16 de ago. de 2020

Aula 1 do 2º ano Ensino médio 1º bimestre.

Pensando a sociedade         

           Sociologia é uma ciência que se concentra no estudo das relações sociais. Seu fundamento, no entanto, dá ênfase às relações sociais que têm certa regularidade. O estudo sociológico entende que há determinados modos de vida, de comportamento e de conduta que se reproduzem e aparecem historicamente com frequência. A vida em sociedade não pode ser entendida como um processo aleatório, no qual tudo pode acontecer. Pelo contrário, as relações sociais são sempre resultado de processos históricos, isto é, têm sua base em um passado de outras relações sociais. Ao explicitar as regularidades sociais, a Sociologia tem como base a história humana.
            Neste capítulo vamos conhecer os três grandes clássicos da Sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. A introdução ao pensamento desses autores é de fundamental importância, pois é com base em suas obras que a Sociologia se constituiu como disciplina científica distinta das ciências da natureza e das ciências exatas.
O capitalismo e a formação do Pensamento clássico
            Desde o século XVI, diversas transformações sociais vêm caracterizando o que hoje chamamos de capitalismo. A vida em sociedade ganhou um formato específico, isto é, formas de produção, de conhecimento, de cultura e de consumo foram constituídas ao longo dos últimos cinco séculos, conferindo uma feição particular à sociedade capitalista, que é diferente daquelas que a precederam. Entretanto, o capitalismo teve origem nas sociedades feudais, organizadas em torno do trabalho servil e da produção agrícola localizada nos feudos.
            Com o passar do tempo, novos interesses ligados ao comércio e ao mercado se constituíram como o eixo central da nova sociedade capitalista que se estruturava. As cidades substituíram a vida no campo, as manufaturas e depois as indústrias substituíram as relações de produção da velha sociedade, e o consumo ganhou proporções cada vez maiores diante da necessidade de desenvolvimento da produção de mercadorias.
            A vida em sociedade se desenvolveu com base em uma série de acontecimentos históricos. A sociedade em que vivemos hoje é resultado de transformações históricas geradas nos séculos anteriores. O acúmulo de experiências sociais constitui o conjunto das condutas sociais, necessidades, padrões culturais e de comportamento, formas de organização política e do conhecimento científico que reproduzimos hoje. A produção e a reprodução social são, portanto, uma síntese de acontecimentos históricos.
            A formação da Sociologia é também resultado do processo de consolidação da sociedade capitalista. Esse campo de estudo só pôde se manifestar porque já existiam os elementos sociais necessários ao seu surgimento. Como todo e qualquer acontecimento histórico, a origem da Sociologia tem relação direta com as necessidades sociais que se manifestaram no momento de seu nascimento. Ou seja, a origem da Sociologia está relacionada à própria forma como o capitalismo se difundiu nos séculos XIX e XX.
            A indústria teve grande desenvolvimento, transformando os modos de organização das cidades. Na Europa do século XVIII, em que a dinâmica da sociedade era ditada pela indústria de tecidos, um dos objetivos da ciência era incrementar a produção de mercadorias, a fim de torná-la mais eficiente, rápida e barata. Com a introdução das máquinas, a produtividade aumentou vertiginosamente, e o trabalhador foi condicionado ao ritmo das máquinas. A semelhança da divisão do trabalho na indústria, o conhecimento científico começou a sofrer divisões. Novas práticas científicas e novas formas de conhecer a vida em sociedade seguiram o padrão de desenvolvimento industrial. Assim, as transformações produtivas tiveram grande influência e peso sobre a origem da Sociologia e de outras Ciências Sociais, como a Economia, a Antropologia e a Ciência Política.
            Foi nesse contexto que surgiram os três grandes pensadores clássicos da Sociologia: Émile Durkheim (ver Perfil no item 2), Max Weber (ver Perfil no item 3) e Karl Marx (ver Perfil no item 4). Na Alemanha do século XIX, Marx argumentava que as condições materiais de existência eram determinantes na vida em sociedade. Segundo ele, a humanidade é responsável por realizar sua própria história. Não há, assim, um destino predeterminado. A luta entre grupos sociais com interesses antagônicos constitui a base da mudança e das transformações sociais. Com isso, as explicações fundamentadas em crenças espirituais devem dar lugar à ideia de que a vida em sociedade é condicionada pelo conflito entre grupos com interesses opostos. Essas forças sociais conflitantes determinam as transformações históricas e estruturam o modo de vida de cada sociedade.
            Já o sociólogo francês Émile Durkheim, na virada do século XIX para o XX, aproximou a Sociologia do método das Ciências Naturais. Para esse autor, a sociedade era como um organismo vivo, e cada parte desse organismo se relacionava com o todo (o organismo social) na medida em que dependia dele. A integração social foi tema central da obra de Durkheim, sobretudo porque ele considerava que a sociedade exercia uma força (uma coerção) sobre os indivíduos, moldando-os à sua semelhança.
            No início do século XX, Max Weber inverteu o princípio geral de Durkheim. Em lugar de pensar a sociedade espelhada nos indivíduos, Weber entendia que as ações dos indivíduos eram orientadas por outras ações, isto é, uma ação social tinha como referência um conjunto de outras ações. Nesse sentido, a ação social tanto era influenciada por outras ações individuais como as influenciava. Weber elegeu, assim, a ação social como objeto central de sua análise sociológica.
            Como você pôde observar, a origem da Sociologia tem relação direta com a história do capitalismo, especialmente com o desenvolvimento industrial e político do século XIX. Podemos dizer que a Sociologia nasceu em razão desse desenvolvimento e pela necessidade de explicar as transformações sociais ocorridas no século XIX. Karl Marx contribuiu para a análise do capitalismo na medida em que construiu uma teoria segundo a qual a sociedade passou a ser entendida como resultado de embates entre grupos sociais distintos. Durkheim, por sua vez, procurou explicar a desordem provocada pelas transformações políticas e industriais, buscando a unidade em um mundo cada vez mais compartimentado pela divisão do trabalho. Sua sociologia tratou de ordenar uma sociedade caótica, tentando encontrar um estado de equilíbrio social. Max Weber, por fim, entendeu que a Sociologia deveria partir da análise da ação do indivíduo, sem que houvesse, entretanto, oposição entre o indivíduo e a sociedade. Para Weber, as normas sociais só se tornam concretas no momento em que cada indivíduo as manifesta. A ação individual, portanto, é sempre orientada pela ação de outra pessoa.

Atividade

1º) Sabemos que a sociologia é uma ciência social e, a partir disso, podemos dizer que ela se fundamenta em que?
a)      Na divisão do espaço físico;
b)     Na divisão da Terra;
c)      Nas relações sociais que têm certa regularidade;
d)     No estudo das elites de um país.
2º) Capitalismo é um modelo econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e, assim, podemos dizer que ele teve inicio em que período da História?
a)      Teve início na Revolução Industrial;
b)     Surgiu depois do final da segunda Guerra Mundial;
c)       No século XVIII;
d)     Teve origem nas sociedades feudais.
3º) A vida em sociedade se desenvolveu com base em uma série de acontecimentos históricos. O que podemos citar como parte do conjunto de elementos que reforça os laços sociais?
a)      Sistema socialista e as condutas sociais;
b)      Condutas sociais, necessidades, padrões culturais;
c)      Sistema capitalista e necessidades;
d)      Lucros das empresas e padrões culturais. 


Sociologia hoje : volume único : ensino médio /
Igor José de Renó Machado… [et al.]. – 1. ed. –
São Paulo : Ática, 2013.

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