Em recente reunião da CPMI do Cachoeira, foi visível o
correcorre dos parlamentares em busca de um dicionário, quando o ex-presidente
Collor os chamou de “confrades” e o ex-procurador
Taques afirmou que aquela Comissão não poderia ser
“passiva”. Seus pares, mamateiros sexomaníacos e de excelentíssima
masculinidade, bradaram pelo “Artigo 14 do Regimento”, em busca de um direito
de resposta.
O escritor e crítico literário Émile Henriot
(1889-1961), imortal da Academia Francesa, disse algo emblemático em sua
penúltima obra publicada, “Au Bord du Temps” (1958): “A cultura é aquilo que
permanece no homem quando ele já esqueceu todo resto”.
Vivemos hoje a maior tragédia de uma sociedade:
permitimos uma aliança poderosa entre uma cultura de baixo nível e a
impunidade. São ignorantes conduzindo ignorantes nos trens da história e
nenhuma eficácia legal que os alcance.
Não por acaso, já é senso comum no Brasil a
intangibilidade da punição para os corruptos.
HELDER CALDEIRA é escritor, jornalista político, palestrante e conferencista.
helder@heldercaldeira.com.br