8 de mai. de 2009

Rezar Não Resolve?

Por Chico de Oliveira

Todos sabiam que a família Mânica era mais rica e mais poderosa que qualquer outra de Unaí. E conseguira incorporar-se à tribo dos condenados à eterna impunidade, sabiam em 2003 quase todos os habitantes. Só pareciam ignorar quem mandava no lugar três fiscais do Ministério do Trabalho ─ Nelson José da Silva, João Baptista Lages e Erastótenes de Almeida Gonçalves ─ e o servidor federal Ailton Pereira de Oliveira, motorista do carro usado para as inspeções. Por acreditarem que todos são iguais perante a lei, passaram a multar regularmente grandes fazendeiros. Por entenderem que alguns são mais iguais que os outros, os punidos condenaram à morte os homens da lei.
Em 28 de janeiro de 2004, os três fiscais e o motorista foram assassinados a tiros numa estrada de terra. Capturados pela Polícia Federal em 27 de julho, integrantes do grupo de extermínio revelaram que haviam agido a mando de proprietários rurais liderados por Norberto Mânica, o “Rei do Feijão”, e Antério Mânica, já em campanha para incorporar a prefeitura ao patrimônio da família.
Apoiado por uma coligação que juntou o PSDB ao PT, pelo governador Aécio Neves e pelo vice-presidente José Alencar, Antério já era o prefeito eleito (com 72% dos votos) ao sair da cadeia em novembro. Ficara mais popular durante a temporada na gaiola, reeleito em outubro passado, já avisou que quer ser deputado.
Esse é o mundo que os educadores vão para as escolas rezarem em vez de irem apontar caminhos e soluções para os problemas do País. Muitos desses profissionais da educação nem tomaram conhecimento do fato e, tão pouco ligando quem são os representantes do povo, ignorante por falta de um modelo educacional comprometido como a política social desse país. É lamentável, mas é verdade.

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