Por: Zeca do Cachão
Tem uma história bem trágica e engraçada. Considero apenas trágica porque é a história real que eu vivo. Caí num emprego cheio de sonhos e perspectivas até que, no primeiro dia, descobri um pequeno detalhe que não me havia sido dito em nenhum momento do processo de contratação: que alguns chefes seriam menos competentes que os subordinados. Sim, o sujeito que passa em concurso terá um chefe que ganha mais que ele, mas sabe manos. E eu não entendo porque as escolas não dizem que não estude muito garoto, para não ser subordinado. É uma situação surreal. Por tudo que isso tem de antiprofissional. E também pela omissão dos profissionais da educação, que não me deu a chance, em tempo hábil, de perceber : ''que precisamos de diplomas, mas não precisamos saber o que o curso indica que sabemos''.
Talvez o modelo educacional tenha vergonha de casos como esse, que de fato esta longe de ser o único no país. Pelo menos uma vergonha para as pessoas esclarecidas, de esclarecer isso para a população. Aqui é natural: se você tem poder, você não tem que obedecer regras, nem mesmo as do bom-senso, nem mesmo as normas corporativas mais básicas e universais. O gestores públicos, entre inoperantes e coniventes, como é comum acontecer em repartições públicas, assiste a tudo fingindo não ver, não saber. A alma do público se expressa voluntariosamente pelas mãos do meu chefe e de outros que trazem suas ideologias para ser aplicadas no órgão "Às favas com esse papo de governança! Aqui mando eu."
Fonte: Exame