Outro dia um colega do curso de enfermagem, onde leciono comunicação e
expressão, estava indignado. Ele dizia ter um processo trabalhista
contra determinada empresa e que o advogado lhe cobrara 30% do que ele
iria receber e explicou que isso era padrão. Dias depois o advogado lhe
procurou para pedir se ele conseguia uns exames para ele (o advogado),
obviamente, de graça. Ele não pensou duas vezes e disse:
- Olha, de graça não dá. Mas o que eu posso fazer é o seguinte: uma
pessoa normal tem 70 quilos, você tem uns 110, eu faço um cálculo
proporcional e te cobro com base no que uma pessoa do seu peso pagaria.
Ao que o advogado retrucou:
Ué, mas não é o mesmo exame?
E ele respondeu:
- Sim.. mas não é o mesmo processo.
Na verdade, não fica uma crítica ao advogado, mas um questionamento de
quão pouco a saúde e a educação valem nesse país. Imagina se o professor
cobrasse em função da limitação do aluno. Olha, você sabe muito pouco
do conteúdo, vou ter que cobrar mais caro. Claro que seria um absurdo,
mas a questão é: Por que dois setores de vital importância em uma
sociedade são tão desmerecidos?
São quarenta anos de estrada e sinto-me seguro para dizer que educação e saúde são as duas coisas mais esculhambadas nesse país.
São temáticas bissextas... aparecem de quatro em quatro anos e logo desaparecem para reaparecer daqui a 4 anos.
Marcelo do Saco de Filó