Uma pessoa indignada não é necessariamente raivosa. Indignar-se com a injustiça é estar alerta. [Stéphane Hessel]
Ruth de Aquino, diretora de ÉPOCA no Rio de Janeiro fez um ótima crítica do livro Indignez-vous (Fique indignado) de Stéphane Hessel e em sua coluna no site da revista ela enumera uma lista com 10 razões para se indignar no Brasil. Para Ruth de Aquino "reduzir a lista depende da vontade política da presidente eleita e da atitude pessoal de cada um de nós".
segue a lista abaixo a lista:
- O número de analfabetos funcionais na oitava economia do mundo. Uma contradição provocada pela contínua falta de prioridade na educação fundamental e na qualidade da instrução;
- Os absurdos privilégios dos deputados e senadores, que aprovam aumentos para si mesmos e, além do salário, dispõem de uma verba extra irreal. Com R$ 26 mil mensais, deveriam abrir mão das mordomias;
- A influência excessiva da Igreja sobre o Estado laico brasileiro. Em assuntos como células-tronco, controle da natalidade ou descriminalização do aborto, por que a religião se sobrepõe a razões de saúde e ciência? Que se respeitem a fé e os ditames do Vaticano como opções individuais, mas não como condutores de políticas públicas;
- A impunidade de assassinos confessos, como o jornalista Pimenta Neves. Com recursos em cascata permitidos por lei, quem tem dinheiro, prestígio e diploma se safa da prisão, mesmo depois de confessar crime hediondo e ser condenado por júri popular;
- A agressividade no trânsito, que torna o Brasil recordista em mortes em acidentes. O antropólogo Roberto Da Matta acaba de escrever um livro sobre isso: “Dirigir com cautela no Brasil significa ser barbeiro, bobo e idiota”. Acelerar para assustar pedestres, fechar o outro veículo, entrar na vaga alheia, bloquear os cruzamentos, xingar. Não é assim no exterior;
- A falta de educação da elite brasileira. Boa parcela de ricos desenvolve falta de educação associada à arrogância e à crença na impunidade. Joga lixo nas praias e da janela de carros importados, dá festanças ignorando a lei do silêncio, viola a legislação ambiental e sempre quer levar vantagem;
- Os impostos escorchantes, que não resultam em benefício para a população carente. Cartéis punem o consumidor e tornam produtos e passagens aéreas no Brasil muito mais caros;
- A falta de sistema de saúde pública que dê dignidade a quem precisa e aos mais velhos. Gente morrendo em fila de hospital ou por falta de leitos e médicos é inaceitável. Quantas CPMFs o governo exigirá?;
- A falta de política de habitação decente para os mais pobres, mesmo com tantos prédios públicos vazios;
- A inexistência de transporte de massas, num país que fez opção equivocada pelo carro. Metrôs e trens, ligados a uma rede de ônibus sem ranço de máfias, deveriam transportar todas as classes sociais.
Indigne-se, mas não seja chato. Contribua para a mudança. Melhor ser um indignado otimista que um resignado deprimido. [Ruth de Aquino]
Vi Aqui: Revista Época