O prestígio dos membros da ralé está em queda na sociedade dos Butapodos, segundo o relatório de Gauche. O lascado de bem, ou seja, o homem de bem, está extremamente insatisfeito com as observações dos membros da ralé e dos militantes do Baixo Clero. Esses comunistas citam que o país, que possui uma produção alimentar com fator 5, ainda apresenta famílias em situação de insegurança alimentar.
Um dos butapodos, o lascado de bem, argumentou que o Baixo Clero é um sindicato de pobres e pediu a desfiliação em massa. Vários lascados de bem acusaram o Baixo Clero de defender os interesses dos membros da ralé; um dos mais afoitos chegou a dizer que era um absurdo o Baixo Clero querer tributar os mais ricos. Outro lascado afirmou que era inaceitável a tributação de grandes fortunas e a isenção de imposto de renda para os pobres.
A discrepância entre opinião e os fatos é grande entre a maioria do Baixo Clero. Um de seus membros, que quebrou as correntes e saiu da caverna, foi linchado em público; outro, que já estava com as ferramentas para cortar as correntes, desistiu da ideia, justificando que ficou com medo de encarar os fatos e ser linchado também. Essa rachadura no Baixo Clero, classe da sociedade dos Butapodos, tornou-se visível para os miseráveis assalariados que têm vários dissidentes no grupo, além dos três gatos-pingados com as correntes arrebentadas, que atacam o modelo e a desigualdade social.
Um dos lascados de bem, ainda com as correntes intactas, afirmou que os gatos-pingados do Baixo Clero, sem correntes, estão expressando opiniões divergentes da opinião padrão do meio social por serem comunistas e sugeriu que deveriam ir para a Venezuela, embora se saiba que a Venezuela não é um país comunista. Segundo o lascado de bem, acorrentado culturalmente, os membros da ralé, que se consideram esclarecidos, estariam tentando desvirtuar o povo de Deus com essas fantasias sobre a China.
Os acorrentados culturalmente e membros da ralé deixaram claro que têm certeza de que são diferentes dos gatos-pingados munidos de ferramentas para quebrar as correntes. Gritaram que aqueles sem correntes são uns selvagens que não têm a capacidade de aceitar que uma criança pegue comida estragada nos fundos de um shopping de alimentos concentrados. Consideraram isso uma aberração do modelo, um desvio padrão e um dissidente da cultura "abestado".
Chico de Oliveira
