21 de out. de 2024

O produto do Algoritmo

  No passado, éramos profundamente influenciados pela cultura e pelas tradições que nos cercavam. Aqueles que estavam culturalmente enquadrados desempenhavam o papel de defender os interesses da classe dominante, muitas vezes em contraposição à classe oprimida, com conteúdos programados especificamente para essa finalidade.

    Até aproximadamente 2000, os meios de comunicação exerciam um controle significativo sobre a exibição de conteúdos, moldando assim o que se entendia por um cidadão padrão. Este modelo de cidadão era concebido como um agente a serviço do capital, identificando-se muitas vezes como um capitalista, mesmo sem possuir capital algum.

    No entanto, observa-se uma mudança significativa na concepção do cidadão ideal. Hoje, o cidadão padrão é moldado e influenciado pelos algoritmos a serviço da classe dominante. Os algoritmos são vozes de Deus no ouvido do pobre de direita e, muitos consideram ele o próprio Deus.

    Os donos da vontade coletiva subsidiaram a transição do ser humano, de produto da cultura a produto do algoritmo, restringindo a autonomia pessoal, a liberdade e fomentando a manipulação. Chegamos ao ponto em que as escolhas individuais não mais pertencem ao próprio indivíduo, mas aos caprichos dos proprietários da vontade coletiva. 

    Refletir sobre o produto dos algoritmos é ir além dos limites normais do modelo, é romper com o padrão e preservar a individualidade. Desenvolver uma capacidade crítica em relação aos algoritmos equivale a desafiar a divindade do pensamento uniforme, é como sair da caverna alegoricamente descrita por Platão.

Chico de Oliveira

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