Até aproximadamente 2000, os meios de comunicação exerciam um controle significativo sobre a exibição de conteúdos, moldando assim o que se entendia por um cidadão padrão. Este modelo de cidadão era concebido como um agente a serviço do capital, identificando-se muitas vezes como um capitalista, mesmo sem possuir capital algum.
No entanto, observa-se uma mudança significativa na concepção do cidadão ideal. Hoje, o cidadão padrão é moldado e influenciado pelos algoritmos a serviço da classe dominante. Os algoritmos são vozes de Deus no ouvido do pobre de direita e, muitos consideram ele o próprio Deus.
Os donos da vontade coletiva subsidiaram a transição do ser humano, de produto da cultura a produto do algoritmo, restringindo a autonomia pessoal, a liberdade e fomentando a manipulação. Chegamos ao ponto em que as escolhas individuais não mais pertencem ao próprio indivíduo, mas aos caprichos dos proprietários da vontade coletiva.
Refletir sobre o produto dos algoritmos é ir além dos limites normais do modelo, é romper com o padrão e preservar a individualidade. Desenvolver uma capacidade crítica em relação aos algoritmos equivale a desafiar a divindade do pensamento uniforme, é como sair da caverna alegoricamente descrita por Platão.
Chico de Oliveira