25 de ago. de 2015

Rousseau: Religião e o bem público

----Você faz parte de uma religião toda espiritual, preocupada unicamente com as coisas do Céu. A pátria do religioso não é desse mundo. É certo que você cumpre seu dever, mas cumpre com uma profunda indiferença no que concerne ao bom ou mau êxito das coisas públicas. Uma vez que nada se lhe tenha a reprovar, a você pouco importa ir as coisa bem ou mal aqui em baixo. A anta política mal deseja falar da felicidade pública; esse orgulha-se da falta de justiça de seu país, quando o Estado perece ele abençoa a mão de Deus que se abate sobre o povo.
----A caridade que você faz parte não permite que se fale mal do próximo. Desde que tal indivíduo, graças a força divina, haja encontrado um jeito de se impor e apoderar-se de uma parte da autoridade pública, ei-lo revestido de dignidade: Deus deseja que se o respeite. Em breve torna-se um poder: Deus quer que se lhe obedeça. O depositário desse poder talvez abuse dele: e isto é a vara de Deus que abusa do seus próprios filhos.
----Os mais sábios aconselha lutar contra o usurpador, mas faz-se preciso perturbar a tranquilidade pública e, isso não se harmoniza com a cultura dos religiosos. Finalmente, que importa ser escravo ou livre nesse mudo de miséria? O essencial é atingir o paraíso, e a conivência não é se não um meio de chegar a ele.
----Os dogmas da religião formam cidadãos sem interesse pelo bem social, pela coisa pública, os deveres dos membros estão com a possibilidade de ir para outro mundo (paraíso). Cada qual pode ter, de resto, as opiniões que deseja, sem que interfira nas vontades dominantes; porque não tendo o religioso competência no tocante as coisas deste mundo, não é de seu arbítrio se preocupar com a sociedade, mas com uma moradia no além vida.
Chico de Oliveira

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