13 de set. de 2015

Leviatã: Queridos tolos, quem vai defender seus interesses políticos?

----Qual será o fim último, causa final e desígnio dos estados? Quem ama naturalmente a liberdade e o domínio de propriedades privadas deve saber. O Estado nasceu para conservar e propiciar uma vida mais satisfatória para as pessoas, introduzindo restrições legais à mísera condição de guerra que é fruto da consequência do não desenvolvimento humano.
----Quando não existe poder visível capaz de manter as pessoas em respeito, forçando-as, por medo do castigo, ao cumprimento de leis civil e natural, o que se estabelece é um estado de guerra, provocado por membros involuídos que não respeitam a propriedade privada e nem a coletiva (bem público).
----Porque as leis de natureza como a justiça, a equidade, a piedade, ou, em resumo, só fazer aos outros o que queremos que nos façam, por elas mesmas, na ausência do temor de algum poder (Estado) capaz de levá-las a ser respeitadas, são contrárias a paixões naturais dos tolos, as quais fazem esses tenderem para a parcialidade, o orgulho, a vingança e coisas incompatíveis com a bondade. E, também, os pactos sem a espada (força estatal) não passam de palavras.
----Tolos se não for instituído um poder suficientemente grande para nossa segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente confiar, apenas em sua própria força e capacidade, como proteção contra todos os outros. No passado, antes dessa força ser instituída, os homens viviam em pequenas famílias, roubar-se e espoliar-se uns aos outros sempre foi uma ocupação legítima, e tão longe de ser considerada contrária à lei de natureza que quanto maior era a espoliação conseguida maior era a honra adquirida.
----Agora queridos (tolos para os apolíticos), é a união de um pequeno número de pessoas que é capaz de oferecer essa segurança (sua família) ou o poder do Estado? Como podemos construir um Estado sério sem a participação dos que vão ser beneficiados? Será que quando a grande multidão não participa das ações essas não serão determinadas segundo o juízo individual?
----Podemos esperar que as ações de um Estado, que tem participação mínima da multidão, favoreça a ralé? Em um Estado onde o número de sábios é irrelevante, quando comparado ao de tolos, percebemos que poucas pessoas são muito ricas e, essas vivem ao lado de muitas pessoas pobres. Percebe-se também que, em terra de tolos, um pequeno número de pessoas subjuga a multidão e, mesmo não havendo inimigo comum, fazem guerra uns com os outros, por causa de seus interesses particulares, mas não por interesse da Nação. 
Chico de Oliveira